Considerado um dos mais controversos realizadores dos últimos tempos, Pedro Almodóvar nasceu em Espanha, algures nos inícios dos anos 50. A data de nascimento é incerta, e intencionalmente escondida pelo próprio, sem uma razão definida. A mesma lógica algo irracional e que se escusa a explicações vai caracterizar grande parte do seu cinema.
Almodóvar é oriundo de uma família de classe média/baixa, que não tinha possibilidade de lhe pagar os estudos; como tal, em jovem foi funcionário de uma companhia telefónica, estreou-se no ramo das artes ao desenhar bandas-desenhadas, mais tarde enveredou pelo teatro como ator, e também tentou a sua sorte enquanto vocalista de uma banda rock, atuando travestido.
Desde sempre que Pedro Almodóvar assumiu a sua homossexualidade, tema recorrente ao longo da sua obra; esta abertura para a sexualidade está também presente nos seus filmes, que abordam o sexo de uma forma natural, realçando ainda assim a sua importância nas relações humanas.
A sua estreia enquanto realizador acontece em 1974 com a curta-metragem “Dos putas, o historia de amor que termina en boda”, e nos quatro anos seguintes realiza mais 9 curtas-metragens. Em 1980 lança a sua primeira longa-metragem, a que chamou “Folle…folle…fólleme Tim!”. Os submundos das drogas, transexualismo, homossexualidade e assassinatos são explorados por Almodóvar em quase todas as suas obras. No final dos anos 80, em 1987, chega às salas de cinema “A Lei do Desejo” “(La Ley del Deseo”), o primeiro filme feito através da sua própria produtora, El Deseo, e que tornou o seu trabalho conhecido e reconhecido além-fronteiras.
A partir daqui, Almodóvar viu a sua carreira consagrar-se internacionalmente, com êxitos como “Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos” (“Mujeres a Bordo de un Ataque de Nervos”) ou “De Salto Alto” (“Tacones Lejanos”).
É em 1997, com a estreia de “Em Carne Viva” (“Carne Tremula”), escrito e realizado por Almodóvar, que se considera que o realizador alcança a sua maturidade artística. As temáticas da sexualidade, drogas e violência continuam a surgir, mas Almodóvar demonstra já uma grande independência artística e sentido estético e crítico muito próprios. Nos anos que se seguem, realiza alguns dos filmes mais marcantes na sua carreira. “Tudo Sobre Minha Mãe” (“Todo Sobre Mi Madre”), “Fala Com Ela” (“Hable con Ella”), com o qual ganhou o Óscar de Melhor Argumento Original em 2003, “Má Educação” (“La Mala Educación” ou “Voltar” (“Volver”) são consideradas obras-primas, reconhecidas internacionalmente tanto pelo público como pela crítica especializada, pela forma única como trata os assuntos e os revela ao espectador no grande ecrã.