Quem foi Zaha Hadid
Zaha Hadid, foi uma das arquitectas de maior prestígio do panorama arquitectónico mundial, famosa pelos seus projectos de características futuristas que misturam as formas orgânicas com superfícies brilhantes, betão e muita criatividade. Foi a primeira mulher e a primeira muçulmana a ser distinguida com o prémio Pritzker, o “Nobel da arquitectura”. A sua obra é marcada pelos traços orgânicos e desafiadores de curvas e ângulos que redefinem as intersecções entre arquitectura, natureza e a cidade.
A prestigiosa revista The New York Times, afirma que as formas geométricas criadas pelas mãos de Hadid, tornam-se “num veículo para novos espaços sem precedentes, de grande surpresa e espanto, mas também de ambiguidade emocional”.
Essa ambiguidade diz respeito ao modo como Hadid incorporava a incerteza aos seus projectos, que, no papel, muitas vezes pareciam incompreensíveis para quem tentasse visualizar as suas formas reais. Os projectos desenvolvidos e construídos por ela, como o Centro Aquático de Londres, valorizam a grandiosidade dos seus espaços e frequentemente são elogiados como “dramáticos” e “desafiantes”.
Também, tornou-se numa excelente designer, capaz de aplicar a sua visão e talento ao design de jóias, móveis, sapatos, acessórios, barcos e até à roupa que ela, própria vestia.
Infelizmente, Zaha Hadid morreu no dia 31 de Março de 2016, com apenas 65 anos.
Os obituários que circularam nas mais variadas publicações nacional e internacional e os comentários e mensagens de despedida de colegas e admiradores deixam bem clara, a dimensão do seu legado no Mundo da arquitectura e design. Rem Koolhaas, professor de Zaha na Architectural Association School of Architecture, em Londres, e posterior colega e amigo, ressalta que ela era “uma combinação de beleza e força” um “tipo raro de coragem (…) O que era muito importante, porque naquele tempo nós estávamos explorando novos modos de ser arquitecto”.
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Zaha Hadid(1950-2016)
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Zaha Hadid nasceu no dia 31 de Outubro de 1950, em Bagdad, Capital do Iraque, numa época na qual a cidade florescia cultural e economicamente antes da longa guerra contra o Irão, iniciada na década de 80.
Hadid cresceu num dos primeiros bairros de inspiração Bauhaus da capital do Iraque, então uma monarquia que se tinha recentemente libertado do controlo britânico depois de séculos sob domínio otomano.
O gosto de Hadid pela arquitectura surgiu desde muito cedo na sua infância, muito influenciada pelas frequentes viagens pelo mundo que faziam em família. “O meu pai fazia questão que eu visitasse todos os edifícios importantes!”, ela diz, em entrevista à revista.
Apesar da sua origem muçulmana, Hadid foi educada por freiras num colégio católico e a sua primeira formação superior foi como matemática, na Universidade Americana de Beirute, no Líbano. Mas foi aos 22 anos, em 1972, que ela deu formalmente os primeiros passos rumo à arquitectura, na Architectural Association School of Architecture, em Londres.
Foi nessa escola que Hadid conheceu e teve como professores o suíço Bernard Tschumi, o grego Elia Zenghelis e o holandês Rem Koolhaas, estes dois últimos dois, Hadid acabou colaborando profissionalmente em diferentes projectos, passando de professores a colegas de trabalho.
Ao lado deste extraordinário grupo de professores, Hadid descobriu e estudou a arte e obra das vanguardas russas, especialmente do movimento Suprematista da década de 20, dos artistas Kazimir Malevich e El Lissitzky.
Para Hadid, a arte abstracta do Suprematismo “abria-lhe a possibilidade da invenção e criação sem limites”.
O fascínio pela obra de Malevich aproximou Hadid da pintura, levando-a a considerar o pincel um instrumento arquitectónico, já que até então sentia-se limitada pelos sistemas tradicionais de desenho da arquitectura. Um dos aspectos do Suprematismo que Hadid mais valorizava era a utilização de camadas e sobreposições nas imagens. Tomado para si própria a tarefa de seguir com o projecto modernista, prestando especial atenção na explora da fragmentação, na arquitectura e na arte.
Apesar de que grande parte da obra de Zaha Hadid é conceitual, foi na década de 80, quando fundou a sua própria empresa, a Zaha Hadid Architects, começando a receber o prestígio que, mais tarde, seria intrínseco ao seu nome.
Entre 1982 e 1983, ela idealizou o projecto The Peak, vencedor de um concurso para construção de um clube nos montes de Kowloon, em Hong Kong. O projecto The Peak toma as rochas ao seu redor como um elemento essencial da arquitectura e parece desafiar a gravidade. Apesar da aclamação do design, que continua sendo um dos mais lembrados da carreira de Hadid, o projecto nunca chegou a sair do papel.
O primeiro edifício a ser construído com a sua assinatura, foi um prédio de habitação em Berlim, construído entre 1986 e 1993. Não é, no entanto, a obra que melhor reflecte o seu pensamento e brilhante visão espacial.
É difícil apontar qual é a obra de maior notoriedade feita por Hadid.
Ela construiu edifícios em dezenas de países, e todos os projectos têm alguma característica marcante que mereceria um destaque especial, mas talvez, o que acabou por ter mais destaque nos últimos tempos, é o Centro Aquático de Londres, construído para as Olimpíadas de 2012.
A inspiração para o desenho é a fluidez da própria água, tanto das piscinas quanto dos sete cursos d’água que passam pelo parque. E, claro, as curvas que Hadid adoptou durante a maturidade da carreira, se adaptam na perfeição para desenvolvimento deste projecto. O centro ecoa as principais preocupações arquitectónicas de Hadid: a utilidade para as pessoas que o frequentam e a integração com o espaço e a cidade.
Hadid, foi primeira mulher a ganhar o Prémio Pritzker de Arquitectura em 2004, a distinção mais importante na área da arquitectura. Habituada a ser pioneira num mundo de homens, foi também a primeira mulher a ganhar a medalha de ouro do RIBA em 2015, o prémio do Royal Institute of British Architects, 170 anos depois de ter sido instituído.
Hadid morreu inesperadamente em Miami aos 65 anos, em 2016.
A empresa de Zaha Hadid, actualmente está sob a direcção de Patrik Schumacher, arquitecto alemão que trabalhou ao lado Hadid durante os últimos 28 anos e que era, sócio sénior da empresa. Recentemente, Schumacher afirmou que a firma iria continuar com todos os projectos existentes, incluindo um estádio para a Copa do Mundo de 2022 no Catar; uma torre em Nova Iorque; uma ponte em Taipei, em Taiwan; e o parlamento do Iraque, seguindo o seu legado na história da Arquitectura.
References:
HADID, Zaha & GANNON, Todd. Zaha Hadid: BMW Central Building Source Book in Architecture 7. Princeton Architectural Press, 2006
HIESINGER, Kathryn B.; HADID, Zaha & SCHUMACHER, Patrik. Zaha Hadid: Form in Motion. Volume 5 de Philadelphia Museum of Art series, Bulletin. Philadelphia Museum of Art, 2011
VARIOS. Total Fluidity: Studio Zaha Hadid, Projects 2000 – 2010. University of Applied Arts Vienna. Edition Angewandte. Springer Vienna, 2011
VARIOS. Zaha Hadid Architects: Redefining Architecture & Design. Leading architects of the world. Images Publishing Group, 2017