O relato de viagem, embora considerado por muitos um género textual, é, na verdade, um subgénero da literatura de viagens, o qual combina o jornalismo com a literatura e cruza o mundo da objetividade com o mundo da subjetividade do autor.
Em qualquer relato de viagem é fulcral que tanto a seleção das informações dos locais visitados, como a seleção das experiências mais marcantes possibilitem ao leitor dar asas à sua imaginação, para, assim, poder recriar os locais e experienciar as situações vivenciadas pelo seu autor. Por outras palavras, através da descrição dos locais e da caracterização das impressões que o autor capta, este permite, através dos seus escritos, que o narratário forme uma imagem conceptual dos espaços visitados e experienciados.
Estes relatos, por norma, não pretendem apenas ser uma narrativa objetiva daquilo que foi observado, ou captado pelos outros sentidos, mas também transmitir ao leitor o todo da experiência. Neste sentido, os relatos de viagem centram-se na explicação, orientação e opinião, todas com base na realidade. Nos relatos de viagem, regra geral, o autor regista as suas variadas impressões sobre lugares, culturas, línguas, pessoas e situações com as quais se depara ao longo da sua viagem, procurando caracterizá-las.
Este subgénero também tem sido frequentemente produzido e publicado quer em livros, quer em revistas ou em jornais, com o objetivo de informar o entreter o leitor com descrições de lugares inóspitos e situações incomuns.
Em muitos relatos de viagem, para além das informações que este tipo de textos apresenta, pode verificar-se a existência de imagens, para que, deste modo, o leitor tenha a possibilidade de compreender e visualizar melhor aquilo que está a ser relatado. Neste sentido, as imagens contribuem para a caracterização dos espaços e podem sempre auxiliar com informações mais precisas.
Na redação deste tipo de textos costumam ser utilizados conectores com valor temporal, os quais organizam a informação presente no texto. Neste sentido, possibilitam saber quando e em que sequência os factos ocorreram. Da mesma forma, a objetividade e a precisão das indicações do espaço possibilitam ao leitor acompanhar a viagem, associando as informações do texto aos locais visitados.
Além dos aspetos já expostos, outras características dos relatos de viagem são a considerável variedade de temas que apresentam (que abrangem comparações de culturas, ou uma reflexão sobre uma cultura específica), o encadeamento lógico dos assuntos abordados, o discurso pessoal, o qual apresenta um narrador autodiegético, as dimensões narrativa e descritiva, nas quais predominam, respetivamente, os nomes e os adjetivos e, por fim, a diversidade de formatos nos quais estes textos se inserem, como são o caso dos diários, das cartas, ou das crónicas.