Conceito de branded content
O termo branded content é utilizado para designar artigos publicitários pagos que, assumindo o formato de uma peça de caráter noticioso, se destinam a promover as histórias e os produtos de uma determinada marca.
Trata-se de um género híbrido, também denominado de publireportagem, que começou a ganhar contornos nos órgãos de comunicação social como consequência da crescente pressão de sobrevivência causada pela diminuição de vendas, fruto do advento do digital. Assim, a lógica comercial impõe-se de tal modo nas redações que os jornalistas acabam por ser forçados a produzir conteúdos publicitários em formato jornalístico só para angariar receitas.
Esta diluição deliberada da fronteira existente entre informação (conteúdos produzidos em função de critérios jornalísticos) e interesses comerciais (conteúdos desenvolvidos em função de critérios económicos) coloca em causa a credibilidade da própria profissão. “Quando alguém chega à conclusão de que determinado ‘produto’ aparece disfarçado de informação, mas, em boa verdade, é uma peça de publicidade ou de marketing, escolhida e desenvolvida segundo critérios que não são os do jornalismo, fica lançada a dúvida sobre em que outros produtos noticiosos tal acontecerá também”, faz notar o docente e investigador Joaquim Fidalgo (2016:45).
Esta prática é cada vez mais frequente e menos disfarçada em órgãos de comunicação de referência como o norte-americano «The New York Times« ou o português «Observador», que possuem gabinetes próprios destinados à produção de conteúdos publicitários em formato jornalístico, pagos pelos clientes. De acordo com o site do Observador, na unidade de branded content deste órgão, designada de Observador Lab, “damos voz às marcas. Contamos histórias. Criamos experiências. Fazemos a diferença através do conteúdo que produzimos nos mais diversos formatos e que fazemos chegar ao leitor com alto impacto e envolvimento”.
Paralelamente, as empresas de caráter industrial e comercial como a Coca-Cola ou a Nestlé apostam cada vez mais na criação de próprios departamentos de comunicação, constituídos maioritariamente por indivíduos com experiência jornalística, que se destinam a produzir e a difundir conteúdos escritos e audiovisuais autopromocionais.
References:
Fidalgo, Joaquim. (2016). Disputas nas fronteiras do jornalismo. Digital Media Portugal – ERC 2015, pp. 35-48.