Cobrindo seis colinas e situada na região do Peloponeso, mais especificamente na margem direita do rio Eurotas, entre os montes Taigeto, a oeste, e Parnone, a este, erguia-se Esparta, uma das principais cidades-estado da Grécia Antiga. Hoje em dia, são poucas as ruínas e os vestígios que restam desta cidade milenar.
Foi no século XII a.C., aquando da invasão e da conquista da Lacónia por parte dos dórios, que a cidade de Esparta foi fundada. Após a conquista, a população foi aumentando, a cidade foi crescendo e o poder manteve-se sempre nas mãos deste povo bélico.
No que diz respeito à sociedade espartana, esta fora dividida em três classes: os espartanos, ou seja, os cidadãos, filhos de mãe e de pai espartanos, os periecos, que eram os antigos habitantes da localidade, maioritariamente pequenos comerciantes e agricultores que ainda conservavam as suas terras, mas estavam desprovidos de qualquer direito político e, por último, os hilotas, ou escravos políticos. Evidentemente que, dado que o número de periecos e de hilotas era significativamente superior àquele dos espartanos, estes últimos enveredaram por uma rigorosa disciplina militar para se poderem afirmar. Na verdade, esta disciplina militar constituiu a base de todo o sistema sociopolítico espartano. Esparta tornava-se, assim, num acampamento guerreiro permanente.
Quanto à educação, esta assentava principalmente na formação e preparação de guerreiros, com vista a estabelecer um poderoso exército. Neste sentido, os rapazes, aos sete anos, eram retirados do seio familiar para darem início a um intenso treino militar. Eram-lhes desde muito cedo incumbidas as ideias da valorização da força física, da resistência e da coragem. Quando faziam 20 anos, os jovens entravam no serviço ativo. Eram admitidos às refeições públicas e tinham permissão para casar, embora tivessem de permanecer a maior parte do tempo no quartel. Finalmente, aos 30 anos, recebiam o título de cidadania e ganhavam direitos políticos. Contudo, este estatuto não significava que a disciplina se tornasse menos rigorosa. Só quando atingiam os 60 anos de idade é que estes homens deixavam de participar em qualquer atividade militar.
As raparigas, por sua vez, tinham treino de ginástica e dança no intuito não só de fortalecer o corpo, mas também de se tornarem boas esposas de guerreiros e mães de numerosos filhos saudáveis. De facto, tudo o que dizia respeito à esfera emocional pouco representava na sociedade espartana. A função do casamento significava somente a perpetuação do Estado.
Relativamente aos aspetos políticos, a forma de governo derivava da antiga forma homérica, ou seja, a cidade era governada por dois reis, descendentes de dois irmãos gémeos. Os reis, para além de exercerem funções administrativas e militares, ainda eram os representantes religiosos do Estado. O seu principal dever era o comando do exército, sobre o qual tinham poder ilimitado. Porém, a partir do século V a.C. passaram a submeter-se aos éforos, que eram os magistrados eleitos por um período de um ano, e à Assembleia legislativa, denominada Gerusia.
A Gerusia era constituída por 28 gerontes, por norma com mais de 60 anos, que eram eleitos pela Assembleia do Povo para exercerem funções até aos últimos dias da sua vida. Discutiam e preparavam os planos e as leis que seriam posteriormente submetidas à Assembleia. Ainda constituíam um tribunal que julgava os crimes contra o Estado.
Ainda sob a disciplina férrea da Constituição, atribuída a Licurgo, Esparta estendeu o seu poder sobre as regiões da Lacónia e da Messénia e, no rebentar das guerras Médicas, era já o Estado dirigente da Grécia. No entanto, a Constituição não estava adaptada no que dizia respeito às operações militares que exigissem afastamento prolongado da pátria e, a título de exemplo, a guerra do Peloponeso obrigava a longas ausências. Ora, como consequência, os militares ficavam propensos a adquirir novos hábitos, o que os tornava, no regresso, pouco submissos à austera disciplina espartana.
Foi no ano 371 a.C. que a derrota infligida pelos tebanos assinalou o fim do poderio de Esparta. Em 240 a.C. o rei Agis IV tentou reformar o Estado, mas foi em vão. Só Cleómenes II, no ano de 219 A.C., conseguiu restabelecer o sistema de Licurgo.
Posteriormente, Esparta foi governada por dois tiranos que a impeliram de novo para a guerra e, enfim, assim como o resto da Grécia, sofreu a dominação por parte do Império romano.
References:
Forrest, W.G. A History of Sparta 950-192 B.C. London: Hutchinson, 1968