A história do Café brasileiro
Presente cotidianamente na mesa do brasileiro, o café representa muito da própria história , da cultura e da identidade deste país. O café (coffea arabica) chegou ao Brasil ainda no século XVIII, trazido pelo sargento-mor Francisco de Melo Palheta, que recebeu a planta de presente da esposa do governador de Caiena ( capital da Guiana Francesa), em 1727. A planta entrou pelo norte do estado do Pará, onde Melo Palheta residia, na condição de produto exótico e clandestino, que deveria ser cultivado apenas para o consumo doméstico. Foi somente a partir de 1776, quando o café chegou ao Rio de Janeiro, que o seu cultivo, se expandiu pelo sudeste do país. O clima e solo adequados para sua produção e expansão tornou o café brasileiro a principal economia do país ao longo do século XIX.
O café já havia conquistado o mercado europeu no século XVIII cujo principal fornecedor era o Haiti, na época colônia francesa. Após a guerra civil do Haiti ( guerra de Independência), que resultou na crise da produção cafeicultora haitiana, o governo português estimulou a produção do café no Brasil, acenando para a importância que o produto havia adquirido no mercado internacional. Somado à crise da economia açucareira, devido à alta concorrência do açúcar das Antilhas, a atividade cafeeira tornou-se predominante na Baixada Fluminense (RJ), no Vale do Paraíba e se estendeu posteriormente para o Oeste Paulista, atingindo também Minas Gerais e o norte do Paraná. Com o aumento das regiões produtoras, o Brasil passou a ter o monopólio mundial da produção de café no século XIX.
A economia cafeeira no século XIX
Ao longo do século XIX, o café brasileiro era, nas palavras de Taunay ,´a viga mestra da economia brasileira.´ Os cafezais delinearam os traços de uma nova sociedade em formação. A lavoura cafeeira era a principal atividade econômica do Império. Em 1860 o café brasileiro representava 50% da produção mundial e correspondia a 45% do valor total das exportações do Império. Os Estados Unidos da América se tornaram um dos principais consumidores do café brasileiro. A modernização e urbanização das cidades do sudeste vieram com as divisas do café. O desenvolvimento das cidades foi percebido com o surgimento das primeiras ferrovias, da chegada da rede elétrica, da criação de uma rede de comunicações, da criação de bancos e também da chegada dos primeiros sistemas de água e esgoto do país. A sociedade imperial ostentava o café. Era uma sociedade de requinte dividida entre senhores e escravos. O Imperador Dom Pedro II concedia o título de Barão do café a todos os grandes fazendeiros produtores do fruto que disfrutavam de privilégios políticos.
A expansão do café: a onda verde
As plantações de café até a primeira metade do século XIX, ocorriam dentro do sistema plantation de produção, em grandes propriedades, cuja base era o braço escravo. A cultura do café trouxe requinte e prosperidade para o período. Os Barões do café passaram a acumular e a investir nas primeiras fábricas e manufaturas do país e consequentemente a desempenhar também uma importância política no país. O comportamento da elite cafeeira, em especial a do baronato, era de apoiar o Imperador em troca, por exemplo, da manutenção da escravidão.
O período conhecido por ‘onda verde’ corresponde a todo o processo expansionista da cafeicultura pelo sudeste dos país que se iniciou ainda no final do século XVIII, mas que a partir de 1870, se intensificou com o surgimento da rede ferroviária. O café se expandiu pelo Oeste paulista e para Minas Gerais. Com a abolição da escravidão em 1888, o trabalho na lavoura cafeeira passou a contar com a mão de obra imigrante assalariada, em especial os italianos, alemães e japoneses.
Os fazendeiros que investiram no café obtinham prestígio no Império e alguma participação política ( eram os Barões do café) e esse importante grupo econômico exerceu influência também no período da Primeira República (1889-1930), em especial durante a República Oligárquica.
References:
- PRADO JÚNIOR. Caio. História econômica do Brasil. SP: Brasiliense, 1967.
- SMITH, Herbert Hungtington. Uma fazenda de café no tempo do Império.Rio de Janeiro. Departamento Nacional do Café, 1941.
- MARTINS. Ana Luiza. Império do Café – A grande lavoura no Brasil 1850 a 1890. São Paulo: Editora Atual, 1990.
- TAUNAY, Afonso de E. História do café no Brasil de 1727-1822. Rio de Janeiro. Departamento Nacional do Café, 1939