Candomblé é uma religião que tem suas origens no continente africano. Os historiadores não chegaram a um consenso sobre o local ou mesmo a data exata de seu nascimento. Acredita-se que tenha surgido no Oeste da África, na terra do povo iorubá. A mitologia iorubá é a base para grande parte das crenças do candomblé.
Os iorubás iniciaram sua mitologia em uma cidade sagrada, chamada de Ifé. Ela teria sido erguida, de acordo com arqueólogos, por volta de 500 antes de Cristo. Era o local mais importante par o povo iorubá, tendo um grau de importância semelhante ao de Meca para o islamismo e o de Jerusalém para o cristianismo.
O candomblé, portanto, é uma religião derivada da mitologia iorubá. Os negros escravizados que foram transportados da África para o Brasil levaram consigo suas crenças em seus deuses. Após estabelecerem-se no novo território como escravos, a mitologia iorubá foi sofrendo mudanças ao longo das décadas até se transformar no que é hoje o candomblé.
O que é o candomblé?
Primeiramente é importante dizer que não havia apenas escravos iorubás no Brasil. Os negros que chegaram da África pertenciam a nações. Cada nação estabeleceu-se em uma região ou cidade do país. Elas se diferenciam umas das outras em termos de entidades adoradas, língua sagradas utilizada em rituais e o atabaque.
Ainda que muitas pessoas acreditem que o candomblé seja politeísta, ele é monoteísta. Isso porque existe apenas um deus supremo e criador. Os nomes podem variar de nação para nação, mas os mais comuns são Olorum, Nzambi e Mawu. Devido à conexão do candomblé com outras religiões, como a católica, acredita-se que seu deus possa ser o mesmo Deus cristão.
Abaixo do único deus estão os orixás, também chamados de voduns ou inquices. Eles recebem oferendas e adorações, que podem ser coisas simples, como danças, cânticos e até mesmo roupas, ou algo maior, como oferenda de vegetais ou animais. Apesar de haver uma divindade criadora, os orixás são muito importantes para o candomblé, sendo cultuados diariamente e em qualquer lugar.
Apesar de cada nação ter rituais e práticas diferentes entre si para cada divindade, elas são as mesmas em todas as nações, ainda que com nomes ou características diferentes. Estima-se que das centenas de deidades cultuadas hoje no continente africano, apenas cinquenta sejam veneradas no candomblé.
Os orixás do candomblé possuem cultos e preferências específicas, sendo ligados a um fenômeno natural característico. Isso os conecta, de certa forma, aos kami, divindades do xintoísmo japonês. De acordo com as crenças dessa religião, toda pessoa é escolhida ou um por vários orixás ao nascer, que se tornam seus patronos durante toda a vida.
No tempo da escravidão, os escravos negros precisaram esconder seus cultos. Eles erguiam altares supostamente cristãos, que, por baixo, escondiam seus reais objetos de adoração. Isso é um dos muitos sincretismos entre o candomblé e a religião católica. Alguns estudiosos afirmam, ainda, que na África os missionários cristãos faziam algo parecido para tentarem converter os negros.
O candomblé deu ainda origem à umbanda, uma religião fundada no sudoeste brasileiro no início do século XX. Ambas religiões sofrem muito preconceito no Brasil, principalmente da parcela cristã estabelecida no país. Muitas pessoas acreditam que essas crenças são voltadas para o mal, provavelmente por preconceito relativo às suas origens.
A origem do nome candomblé está em uma junção de dois termos: candombe, do quimbundo, e ilé, do iorubá. O significado é “casa da dança com atabaques”.