Dostoiévski, Fiódor

Fiodór Dostoiévski

Fiódor Dostoiévski

Fiódor Dostoiévski foi um escritor, jornalista e filósofo russo, sendo considerado um dos maiores romancistas da literatura clássica, em geral, e da literatura russa em particular. Nascido a 11 de Novembro de 1821 em Moscovo, foi na atual capital russa que Dostoiévski passou a sua infância, juntamente com os pais, ele médico num hospital direcionado para a classe mais baixa e ela dona de casa, e os seus sete irmãos. O gosto pelos livros foi introduzido na vida do pequeno Dostoiévski bastante cedo, muito por influência dos pais, pessoas cultas e educadas, que o apresentaram a diversos estilos literários; foi ainda durante a infância que o pequeno Fiódor fez as suas primeiras incursões na escrita, tendo passado por dois colégios internos onde iniciou os seus estudos.

Em 1837, com apenas 16, Dostoiévski foi enviado pelos pais para o Instituto Militar e de Engenharia, em São Petersburgo, onde foi forçado a iniciar uma carreira militar ligada às Ciências e Matemática, muito contra o seu gosto e inclinações naturais; ainda assim, Dostoiévski terminou os estudos e, em 1843, obteve o cargo de Tenente Engenheiro. Paralelamente aos primeiros passos na sua carreira militar, Dostoiévski começou a dedicar-se mais intensamente à escrita, começando por traduzir romances, e posteriormente iniciando-se na escrita em nome próprio. A sua primeira obra, “Gente Pobre”, foi publicada em 1846, e fala sobre a população da classe baixa em São Petersburgo, narrativa inspirada no seu próprio quotidiano, já que Dostoiévski vivia com dificuldades financeiras; a inspiração em experiência e situações vividas ou ouvidas na primeira pessoa viria a tornar-se um dos traços distintivos da sua obra, já que a maioria dos romances de Dostoiévski incluem momentos ou mesmo linhas narrativas inspiradas em situações reais conhecidas do autor. Com os primeiros passos no mundo literário dados com algum sucesso, o escritor pediu dispensa da carreira militar, para se dedicar exclusivamente à escrita; neste mesmo período, a sua saúde, débil desde jovem, também se deteriorou, e começou a ter convulsões com alguma frequência, sinais da epilepsia de que sofreu toda a vida. Nos primeiros anos enquanto escritor, Dostoiévski dividiu-se entre a escrita de romances e de pequenos contos, publicados em revistas literárias; no mesmo período, foi introduzido à corrente do socialismo, cuja lógica o atraiu desde o início. Entre os anos de 1849 e 1854, o trabalho de Dostoiévski no mundo literário foi interrompido, já que este foi condenado a quatro anos de exílio com trabalhos forçados na Sibéria, por ler obras proibidas, críticas ao regime czarista em vigor na Rússia. Após a saída da prisão, e com ainda menos recursos, Dostoiévski dedicou-se ao ensino numa escola infantil, ainda exilado, ao mesmo tempo que escrevia “Recordações da Casa dos Mortos”, obra inspirada na sua experiência pessoal, e o primeiro livro sobre a vida nas prisões russas. Em 1857, Dostoiévski casou com Maria Dmítrievna Isáieva, e pouco tempo depois regressou a São Petersburgo, onde continuou a desenvolver a sua escrita. Pouco tempo depois, Maria viria a morrer, e apenas dois anos após a sua morte, em 1866, Dostoievski publica os dois volumes de “Crime e Castigo”, considerado ainda hoje um dos mais importantes romances clássicos da história da literatura. Em 1867, Dostoiévski desposa a sua jovem assistente, Anna Grigoryevna Snitkina. Apesar do sucesso obtido com “Crime e Castigo”, o estado financeiro do escritor continuava periclitante, agravado pelo vício do jogo que possuía desde jovem. Assim, Anna foi forçada a vender grande parte dos seus pertences, e em conjunto empreenderam uma viagem pela Europa, tendo visitado a Alemanha e a Suíça, onde nasceu a sua primeira filha, que viria a morrer de pneumonia pouco tempo depois. Durante a viagem, Dostoiévski nunca deixou de escrever; contudo, no caminho de regresso para a Rússia o autor queimou a maioria dos seus manuscritos, incluindo uma primeira versão de “O Idiota”, uma das suas mais conhecidas obras, com receio de problemas políticos. Em 1871, já de volta à Rússia nasceu Fiódor, o segundo filho do casal. Dostoiévski, agora já com algum nome no campo literário, continuou a publicar contos e ensaios em revistas, e a escrever diversos romances, entre os quais o aclamado “Os Irmãos Karamazov”, publicado em 1879; apesar de pouco investido no campo político, o autor nunca deixou de ser vigiado, e na noite antes da sua morte a sua casa foi alvo de uma busca, por suspeitas de conluio na conspiração contra o Czar, que nunca se vieram a comprovar.

Fiódor Dostoiévski veio a falecer com 59 anos, em Fevereiro de 1881, vítima de uma forte hemorragia pulmonar. Para a posteridade deixou uma obra rica e completa, com narrativas muito concentradas na condição humana e na realidade russa do século XIX, e ao mesmo tempo com fortes traços alegóricos e de pensamento filosófico, possuindo o seu espólio literário características muito específicas, e que o distinguem como um dos grandes autores da literatura mundial.

 

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