Os Sapatos de salto-alto, (frequentemente abreviado como apenas salto-alto) é um tipo de calçado que deixa o calcanhar do usuário significativamente mais elevado do que o nível dos dedos. Quando tanto o calcanhar quanto os dedos dos pés são levantados igualmente, como em um sapato de plataforma liso, não é considerado um “salto alto”.
Estes género de sapatos podem ser encontrados numa ampla variedade de estilos e variações, e os saltos são encontrados em muitas formas e designs diferentes, incluindo stiletto, bloco, cunha, entre muitos outros. Hoje em dia, existe uma infinidade de tipos de salto, mas os mais comuns são:
- Salto Agulha – salto de perfil fino como uma “agulha”;
- Salto Quadrado ou Bloco – salto com base maior, normalmente de forma quadrada, proporcionando mais conforto;
- Salto de Cunha – salto que é tão largo quanto a base do calçado, é o mais confortável que existe, porém pode ser menos estável e é considerado menos elegante.
- Salto Plataforma – é uma mistura entre o salto quadrado e o salto de cunha, extremamente recto e robusto.
- Salto Cone – um salto com a base junto ao calcanhar mais larga e que se vai reduzindo até chegar ao chão, é bastante confortável porque apesar de ter um apoio bastante reduzido apoiado no chão, o calcanhar está praticamente completamente apoiado.
A função do sapato de salto-alto sempre foi além de proteger os pés ou aumentar a estatura. Serviu e serve como distintivo social e, em muitos casos, tem um carácter auto-estima, feminilidade e sensualidade. O facto dos saltos-altos tendem a dar a ilusão de pernas mais longas e finas, torna-os num dos acessórios favoritos das mulheres, quando querem ou necessitam realçar a figura e dar um toque mais cuidado e feminino ao seu look.
Os sapatos de salto-alto costumam estar relacionados à beleza, sensualidade e feminilidade, o que provavelmente se originou com as gueixas que usavam tamancos com quase 30 cm de altura e com as prostitutas da Roma Antiga que eram diferenciadas das outras mulheres por usarem saltos-altos. Mas independentemente, da história e dos usos de antigamente, é indiscutível que o sapato de salto-alto, tem um carácter social directamente ligado com a sensualidade e a mulher, sejam homens ou mulheres, todos sem uma atracção especial por este acessório.
De acordo com os grandes estilistas de calçados, como Jimmy Choo ou a Gucci, um salto baixo é aquele que tem menos de 6 centímetros, de 6 centímetros a 8.5 centímetros os saltos são considerados saltos médios, e acima de 8,5 centímetros é considerado um salto alto.
Embora os saltos-altos sejam quase exclusivamente usados por mulheres, existem alguns tipos de sapato com saltos mais baixos, que são usados por ambos os sexos, como as botas.
A história concreta, do surgimento dos sapatos de saltos-altos é ainda um grande mistério na nossa história, mas foi no Antigo Egipto, que se encontram os primeiros modelos de saltos altos, numa tumba datada do ano 1000 aC. Foram também, encontradas representações de sapato de salto-alto em pinturas murais de 3500 aC., e muitos historiadores afirmam, que era um acessório utilizado apenas pelas classes mais altas egípcias e serviam como um acessório de distinção social.
Ao investigar a história do sapato de salto-alto, o mais curioso é a constante relação dos saltos com a sensualidade, desde sempre foi um objecto que despertava desejos e fetiches. No oriente, por exemplo, as cortesãs japonesas usavam tamancos com salto-altos para seduzir os homens, bem como as concubinas chinesas e as odaliscas turcas, que eram obrigadas a usarem saltos tão altos que as impossibilitavam de fugir dos haréns. Em Roma, as prostitutas eram reconhecidas através dos saltos: as que sabiam se equilibrar melhor e em tamanhos maiores, obtinham mais clientes, e seus saltos chegavam a medir 30 cm.
Durante a Idade Média, surgiu uma espécie de plataforma com sola de madeira, considerado o verdadeiro precursor do salto alto, os Kabkabs. A sua função era proteger e manter longe da lama e dos outros detritos das ruas, os caros e frágeis sapatos utilizados pela nobreza.
Por volta do ano de 1400, surge, na Turquia, o chopine, um género sapatos de salto-alto do tipo plataforma que depressa se tornou muito populares por toda a Europa. Alguns destes sapatos eram tão altos, que as mulheres precisavam de bengalas ou da ajuda dos servos para conseguirem ficar de pé e caminhar. Mais tarde, os venezianos transformaram este sapato, dando-lhe mais riqueza e luxo, tanto nos materiais, quanto no seu uso, tornando-se num símbolo de status, riqueza e posição social.
Por volta de 1500, os sapatos começaram a ser confeccionados em duas partes separadas, uma parte superior mais flexível e uma inferior de sola dura e pesada. Nessa época, esse modelo de sapato de salto alto foi disseminado pelos cavaleiros, tanto homens como mulheres, que o usavam para a prática da equitação.
Em 1533, uma jovem de apenas catorze anos de idade, torna-se numa das principais responsáveis por popularizar o salto-alto como um acessório de moda feminino e indispensável, Catarina de Médici. Que, antes de ser enviada para Paris para se casar com Henrique II, ordenou a um popular artesão italiano produzir uma série de sapatos de salto-alto, para deixá-la mais alta, já que era de bastante baixa estatura. A novidade tornou-se rapidamente numa moda na aristocracia francesa, pondo homens e mulheres a usarem sapatos de salto-alto durante os séculos XVII e XVIII como uma marca de privilégio social da aristocracia europeia.
O rei Luís XIV também foi outro importante responsável por popularizar o sapato de salto-alto, mas desta vez tornando-o num verdadeiro objecto de luxo e riqueza, ao decretar que apenas a alta nobreza poderia fazer uso deste calçado, sendo o modelo, considerado um símbolo de poder.
Durante o Século XIX, apesar de a Europa ser uma das pioneiras no uso de sapatos de salto-alto, foi nos Estados Unidos, com a revolução industrial, que desenvolveram a primeira produção em massa com modelos importados dos bordéis de Paris, onde as prostitutas eram escolhidas a dedo, de acordo com a beleza dos seus sapatos.
Mas apesar de todas essa produção nos EUA, a Europa continuava ser líder de estilo e qualidade, continuando a fazer os sapatos feitos à mão, com os melhores materiais, ricos em detalhes, conforto e exclusividade, o que tornava os calçados mais caros e únicos.
No pós-guerra, em 1950, com a revitalização da moda, Christian Dior e o designer Roger Vivier desenvolvem o que conhecemos hoje, como salto-agulha, que na altura era feito por uma estrutura de ferro. Tornou-se tão popular, que alguns prédios públicos tiveram que proibir a entrada com esse tipo de salto, devido aos estragos que causava no chão.
Actualmente há uma infinidade de modelos, saltos e designs e embora tenha tido o seu tempo, nos pés masculinos, com o tempo, tornou um dos principais símbolos de elegância e sensualidade feminina. Mas quem sabe, a moda está sempre a mudar, pode que amanhã volte a estar de moda os saltos-altos para homens.
References:
ATHAYDE, Phydia de. Jogo de Damas: Salto Alto. Carta Capital, São Paulo, 2006
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