Juan Manuel Fangio Déramo nasceu na cidade de Balcarce, próximo a Mar del Plata, na Argentina, no dia 24 de junho de 1911, e morreu em Buenos Aires, a 17 de julho de 1995, aos 84 anos. Na adolescência, já demonstrava interesse em carros, trabalhando como assistente de mecânica. Depois de prestar serviço militar, aos 22 anos, Fangio começou a se dedicar seriamente ao automobilismo, disputando corridas de longa distância na Argentina.
Sua carreira ganhou impulso a partir de 1939, quando começou a vencer importantes provas na Argentina, destacando-se no cenário automobilístico nacional. Durante dez anos, correu apenas em seu país, até que o Automóvel Clube Argentino decidiu patrocinar sua ida à Europa, no fim da década de 40. Suas vitórias em corridas tradicionais como as de San Remo, Pau (ambas dirigindo um Maserati), Marselha (a bordo de um Simca-Gordini) e Monza (com uma Ferrari 166), todas em 1949, lhe abriram as portas para a Formula Um, cuja primeira temporada seria disputada em 1950.
Embora ainda hoje corridas de automóveis sejam um esporte considerado de alto risco, naquela época as preocupações com a segurança dos pilotos eram praticamente inexistentes. Portanto, além de talento ao volante, coragem para desafiar a morte era uma condição primordial para os corredores. Competindo pela equipe Alfa Romeo, Fangio não completou seu primeiro Grande Prêmio de Fórmula Um, a prova inaugural da categoria, em Silverstone, Inglaterra, mas venceu a etapa seguinte, no mítico circuito de rua de Mônaco. Terminou a primeira temporada na Fórmula Um com outras duas vitórias, na Bélgica e na França, mas acabou o campeonato em segundo lugar, superado pelo italiano Nino Farina.
Em 1951, teve início a supremacia de Fangio na Fórmula Um. Com três vitórias (Suíça, França e Espanha) e dois segundos lugares, o argentino conquistou seu primeiro título na principal categoria do automobilismo mundial, aos 40 anos. Por causa de mudanças no regulamento da Fórmula Um em 1952, a Alfa Romeu decidiu não disputar o campeonato, e Fangio, o campeão vigente, ficou fora da categoria, impedido de defender seu título. Em junho, passou a correr pela BRM em provas fora do calendário oficial. No entanto, 1952 não era mesmo o seu ano. Numa corrida em Monza, pela Maserati, o argentino sofreu um grave acidente logo nas primeiras voltas, resultando em múltiplas fraturas, e ficou afastado das pistas pelo restante da temporada.
De volta à Fórmula Um em 1953, Fangio não completou as três primeiras provas, e depois chegou em segundo na França, Inglaterra e Alemanha. Foi quarto na Suíça e venceu apenas o GP da Itália, última etapa do campeonato, conquistado novamente pelo italiano Alberto Ascari, que havia vencido o Mundial de 1952.
Quatro títulos consecutivos
Em 1954, começou a supremacia de Fangio na Fórmula Um. O argentino venceu seis das oito provas da temporada, as duas primeiras pela Maserati (Argentina e Bélgica) e as restantes correndo pela Daimler Benz, com motores Mercedes (França, Alemanha, Suíça e Itália). Só não subiu ao pódio na França (quarto colocado), e terminou o ano comemorando o bicampeonato com o terceiro lugar na Espanha.
Na conquista do tricampeonato, em 1955, foi ainda mais dominante: quatro vitórias (Argentina, Bélgica, Holanda e Itália) e um segundo lugar (Inglaterra) em seis corridas. Em 1956, Fangio mudou para a mítica Ferrari, e o resultado foi mais um título mundial. Venceu pela terceira vez seguida em seu país, conquistou outras duas vitórias na Inglaterra e Alemanha, terminando a temporada com o segundo lugar na Itália e o quarto título na Fórmula Um.
De volta à Maserati, Fangio chegou ao pentacampeonato na Fórmula Um em 1957, vencendo mais uma vez na Argentina e também em Monza, na França e na Alemanha. Em 1958, já consagrado nas pistas como o maior campeão da Fórmula Um na primeira década da categoria, tendo vencido cinco das sete temporadas que disputou, Juan Manuel Fangio decidiu deixar a competição. Até os dias atuais, o argentino é o piloto com maior percentual de vitórias em relação ao número de corridas disputadas: 24 em 51 GPs (46,15% de aproveitamento). Fangio foi o recordista de títulos na Fórmula Um até ser superado por Michael Schumacher no início do século XXI.
Maior nome do automobilismo da sua época, Fangio viveu uma situação inusitada em fevereiro de 1958, quando estava em Cuba para uma prova fora de competição. O piloto argentino foi sequestrado por partidários do movimento 26 de Julho, liderado por Fidel Castro, que lutava contra o regime do ditador Fulgêncio Batista. O objetivo da ação era impedir a realização da corrida e enfraquecer Batista perante a opinião pública internacional. A prova, no entanto, foi realizada, e Fangio libertado na Embaixada da Argentina, logo depois da corrida, após 29 horas em cativeiro.
Juan Manuel Fangio entrou para o Hall da Fama do Automobilismo em 1990. O lendário corredor admirava o brasileiro Ayrton Senna, que por sua vez era fã declarado do pentacampeão mundial. Os dois multicampeões se encontraram em 1990, um ano antes do brasileiro alcançar o tricampeonato na Fórmula Um. Fangio faleceu aos 84 anos, no dia 17 de julho de 1995, em Buenos Aires, vítima de pneumonia e falência dos rins. Ainda hoje é considerado um dos maiores nomes do automobilismo mundial.