Yakuza é o nome dado ao crime organizado no Japão. A Yakuza não é uma organização única, mas sim um nome atribuído aos diversos grupos criminosos. A sua influência na sociedade japonesa inclui crimes de extorsão, jogo ilegal, prostituição e até mesmo corrupção política e financeira.
As origens dos Yakuza não são exactas. Existe a noção de que os Yakuza surgiram de bandidos que roubavam aos ricos para dar aos pobres, outras que seguem a mesma linhagem dos Ronin, os samurais errantes que ficaram sem os seus mestres depois da revolução política no século XVII. Sem uma hierarquia militar muitos dos samurais voltaram-se para o crime violento e formaram grupos. Outros tornaram-se mercadores e abriram negócios obscuros como casas de apostas e bordéis. Estes criminosos surgiram da necessidade de sobrevivência e sobretudo por já não terem um lugar na sociedade.
Membros Yakuza ostentando as suas tatuagens.
Apesar das incertezas sobre a sua origem, a maioria das organizações Yakuza derivam do período Edo. Dos Tekiya e dos Bakuto. Os Tekiya eram considerados os piores da sociedade. Eram pequenos vendedores que começaram a formar grupos administrativos relacionados com o comércio. Alguns deles começaram a oferecer serviços de segurança a outros comerciantes. O governo de Edo acabou por conceder aos líderes destas organizações licenças para usarem espadas. O que aumentou a sua esfera de influência e a protecção acabou por passar a ser de certa forma coagida aos comerciantes.
Os Bakuto eram os donos de casas de apostas e jogo ilegal. Estes foram os responsáveis por cunhar o termo Yakuza, um homónimo de “ya-ku-sa” que é a expressão usada para quando um jogador tem uma péssima combinação de cartas. Também sinonimo de “inútil” a expressão simbolizava o desdém que a sociedade tinha por eles.
No final do século XIX os Yakuza começaram a associar-se a grupos nacionalistas, ideologias militares e políticas. Os grupos começaram a formar alianças com políticos e os mesmos usavam-nos para assassinar os opositores, forçar acordos ou até mesmo entrar em conflitos armados. A desordem do pós-guerra também deu aos Yakuza uma certa vantagem para se instalarem dentro dos círculos económicos e políticos do Japão.
Tradições dos Yakuza
Yubitsume, é a expressão usada para o ritual de cortar um dos dedos como forma de penitência. Num grupo Yakuza quando um membro comete uma transgressão ou falha uma missão pode escolher morrer ou cortar a ponta do dedo mindinho e dar esse pedaço ao seu chefe. Por vezes os sub-chefes tomam a responsabilidade e cortam o dedo em nome do grupo. Isto é algo que os membros do grupo tendem a evitar, pois essa prática é conhecida pelas autoridades e população em geral, e uma pessoa sem parte do dedo mindinho é imediatamente acusada de ligação a um grupo Yakuza. Numa segunda transgressão o membro corta parte do dedo anelar.
A razão prende-se com a tradição de segurar uma espada japonesa. Os dedos anelares e mindinhos são os que dão segurança ao segurar uma espada. A remoção dos mesmos faz com que o lutador perca força e precisão no manejar da mesma. A ideia é que uma pessoa com menos habilidade para segurar numa espada fica mais dependente do grupo para proteção, reduzindo as suas aptidões individuais. Alguns membros usam próteses para disfarçar a falta dos dedos.
As tatuagens, conhecidas como irezumi, são outra característica distintiva dos Yakuza. Muito dos membros têm o corpo quase todo tatuado e por vezes são feitas de forma tradicional, onde a tinta é inserida na pele de forma não eléctrica com recurso a agulhas de bambu. É um processo caro e doloroso que pode levar anos a concluir. Existe um jogo de cartas muito popular entre os Yakuza, o Oicho-Kabu, e quando estes se reúnem para jogar costumam remover as camisas de forma a exibir as suas tatuagens. Das raras vezes em que podem mostrar as tatuagens, visto que as mantêm escondidas em publico e muito dos locais públicos no Japão como piscinas, não permitem a entrada de pessoas com tatuagens por medo que pertençam a um grupo Yakuza e possam trazer mau nome ao local.
Influência na sociedade
Uma familia Yakuza tem uma estrutura semelhante à Mafia. O patriarca é o líder do clã. Depois existem tenentes e sub-chefes que supervisionam os restantes membros do grupo num esquema de pirâmide. Alguns clãs têm estruturas de aliança, unindo vários grupos sob uma espécie de comissão. O Oyabun-Kobun é a relação primordial entre clãs que os coloca em papeis de “pai” e “filho”, diferenciando os mais fortes dos mais fracos e criando uma troca entre lealdade absoluta, prestigio e protecção. A honra e tradição japonesa cimentam ainda mais esta hierarquia. Embora a maioria dos grupos sejam nacionalistas existem vários membros Yakuza que vêm da Coreia de forma a criar uma relação de tráfico entre os dois países. As mulheres e filhas são normalmente marginalizadas, raramente assumem posições de poder e são mantidas longe dos negócios ilegais.
Os grandes grupos Yakuza infiltram-se também em negócio legais como o ramo imobiliário ou a bolsa. Muitas vezes usam informação danosa contra as empresas de forma extorquir as mesmas. Toda esta pressão é feita de forma serena, normalmente em reuniões particulares, torneios de golfe ou eventos de caridade. Os Yakuza mantêm as suas atividades escondidas do grande público. A lei obrigou os grupos a reestruturarem-se, mas existe alguma dificuldade em conseguir informação sobre os mesmos por terem uma influência directa sobre políticos e pessoas de poder. Os Yakuza continuam a ser uma presença forte dentro do circuito económico e político do Japão.