Augusto Pinochet

Augusto José Ramón Pinochet Ugarte foi presidente do Chile entre 1973 e 1990, depois do golpe de estado de 11 de setembro de 1973. Após derrubar o governo democraticamente eleito de Salvador Allende implementou uma política socioeconómica assente em ideias conservadoras, que primou por perseguições políticas. A sua governação ficou marcada por numerosas violações aos Direitos Humanos. Estima-se que durante o seu governo mais de 80 000 pessoas foram presas, 30 000 torturadas e mais de 3 mil assassinadas.

Primeiros anos

Foi na cidade de Valparaíso que Augusto Pinochet nasceu, no dia 25 de novembro de 1915. Filho de Augusto Pinochet Vera (um militar de origem francesa) e Avelina Ugarte Martínez, concluiu os estudos na terra que o viu nascer em 1930. De seguida, entrou na Academia Militar de Santiago onde se tornou segundo-tenente na cidade de Concepción. Quando tinha 28 anos (1940) casou-se com Lucía Hiriart Rodríguez, com quem teve cinco filhos: Inés Lucía, María Verónica, Jacqueline Marie, Augusto Osvaldo e Marco Antonio. Para além da vida familiar, Pinochet dedicou-se à carreira militar tendo obtido bastante êxito. Por diversas vezes subiu de patente
alcançando cargos de elevada importância, como foi o de general-chefe do exército chileno em 1973.

Golpe militar

Seria no auge da sua carreira militar, como comandante em chefe do exército chileno, depois de jurar fidelidade a Salvador Allende, que liderou o golpe militar que depôs o presidente. O exército chileno atacou o palácio presidencial La Moneda, com a ajuda da força aérea que bombardeou o edifício. Allende acabaria por cometer o suicídio, tal como se veio a comprovar anos mais tarde. O golpe surpreendeu toda a gente pela violência e rapidez.

Ditadura

Após o êxito do ataque, com o apoio dos Estados Unidos da América, a 17 de junho de 1974, Pinochet tornou-se oficialmente Chefe Supremo da Nação. Durante mais de uma década liderou um governo ditatorial que colocou o Chile nas páginas mais negras da América Latina. Todo aquele que pensasse contrariamente a Pinochet era perseguido. Entre os grupos que mais sofreram, destaca-se a Unidade Popular, que agrupava os partidos de esquerda. Pinochet não se limitava a “caçar” os dissidentes, mas também os familiares destes e outros civis.

No campo económico, definiu-se por uma política assente em reformas neoliberais, fortemente inspiradas nos economistas chilenos conhecidos por “Chicago Boys”. Entre as medidas, destacaram-se a estabilização da moeda, a remoção das tarifas para a indústria, a ilegalidade dos sindicatos, a privatização da Segurança Social, entre outras empresas estatais. Com a ajuda de vários empréstimos externos, Pinochet conseguiu fazer crescer o PIB e consequentemente a economia. Todavia, a desigualdade continuava a ser um mal de raiz, mesmo que no início dos anos 90 o Chile fosse considerada a nação mais saudável da América Latina.

O povo chileno vivia num ambiente restrito, de proibição de partidos políticos e reuniões, ou qualquer tipo de associação. O Parlamento permanecia fechado; a liberdade de imprensa era nula e a justiça inexistente repleta de atropelos contra a Humanidade. Entre os casos mais carismáticos estão o assassinato do general Prats e do ex-ministro da defesa Orlando Letelier. Assim como o desaparecimento do sacerdote espanhol António Llidó e os casos da “Operação Colombo” ; “Operação Condor” e “Caravana da Morte”.

Atentado

No dia 7 de setembro de 1986, Pinochet sofreu um atentado. Apesar de ter sofrido apenas ferimentos ligeiros, cinco dos seus guarda-costas faleceram. Os responsáveis do ataque foram elementos da Frente Patriótica Manuel Rodríguez (FDPMR). A resposta do governo militar foi apelidada de “Operação Albânia” que resultou na morte de 12 membros do FDPMR.

Últimos anos

Como forma de prolongar o seu governo, em 1981, alterou a constituição. Anos mais tarde, em 1988 realizou-se no país um referendo sobre a sua continuidade. 56% dos votantes estavam contra. Após as eleições de 1989 a ditadura de Pinochet chega ao fim, apesar de ter permanecido com o cargo de comandante do exército até 1998, ano em que foi preso em Londres pelos crimes cometidos. Acabaria por ser libertado, sem ir a julgamento, devido a problemas de saúde. A 10 de dezembro de 2006 Pinochet falece por complicações de um ataque cardíaco. Ironicamente no Dia Internacional dos Direitos Humanos.
O seu legado é ainda hoje motivo de discórdia entre o povo chileno. Se para uns o país prosperou, para outros isso foi à custa de reformas polémicas assentes em atos de violência e perseguições. Depois de abandonar o governo foi acusado de mais de 300 crimes desde casos de corrupção a assassinatos. Segundo o juiz chileno Carlos Cerda, Pinochet reuniu em contas secretas nos Estados Unidos da América uma fortuna avaliada em 26 milhões de dólares, sendo que 20 não tinham qualquer comprovativo legal.

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