O movimento ‘slow’ nasceu em 1986, em Roma, fruto de uma revolta dos cidadãos para fazer frente à abertura de um Mc Donalds na Praça de Espanha e depois estendeu-se a outros âmbitos. Em vez de se fazer comida rápida, lutava-se para que a comida fosse feita de forma mais lenta, mas com maior qualidade. Assim, aplicando este movimento ao jornalismo, significa praticamente a mesma coisa: jornalismo mais lento, mais profundo e, consequentemente, de maior qualidade.
Os objetivos do ‘jornalismo lento’ passam por revalorizar a qualidade jornalística numa era que há excesso de informação, apostar na reflexão profunda em vez de se optar apenas pelo imediatismo e tratamento superficial dos assuntos, assim como pensar na forma como vamos transmitir aquele conteúdo ao público de forma criativa e diferente do estandardizado.
Atualmente, vivemos numa época em que o imediatismo faz parte da tendência dominante. Produz-se muita informação em pouco tempo, mas curta e por vezes com falta de criatividade, qualidade e o aprofundamento necessário. Deste modo, começaram a surgir nos últimos anos movimentos denominados ‘slow’, nomeadamente o ‘slow journalism’, isto é, jornalismo que abdica da velocidade de produção e distribuição noticiosa, apostando sim na maturação de temas passados e contextualização dos mesmos.
No jornalismo lento a preocupação primordial não é a da atualização constante. O objetivo é buscar qualidade e rigor, praticando um jornalismo verdadeiro, isento, assente em géneros longos, como ensaio, crónica, reportagem e entrevista. A lógica da novidade, atualidade e rapidez de produção/divulgação não entra aqui. Atendendo ao movimento ‘slow’, o jornalismo lento é feito com tempo e atenção ao rigor e desenvolvimento informativo.
A tecnologia surge como um importante aliado à produção de jornalismo lento, na medida em que este tipo de jornalismo exige criatividade na produção de peças de investigação. É fundamental que os jornalistas pensem numa forma diferente da habitual de transmitir conhecimento aos leitores, pelo que a Internet e respetivas plataformas ajudam nessa questão.
Se por um lado, a rede possibilitou informação rápida, instantânea, disponível em qualquer parte do globo à velocidade da luz e assim que as coisas acontecem, também permite que a profissão se reinvente na forma como trabalha. Apostar em jornalismo lento significa desenvolver temas que não precisam de ser necessariamente atuais, pesquisar muito sobre eles e torna-los interessantes quer através da forma como são transmitidos, como a partir do ponto de vista em que são produzidos.