A teoria do espelho foi a primeira a surgir no campo jornalístico. Inspira-se no Positivismo do filósofo francês Auguste Comte e baseia-se na ideia de objetividade que, apesar de atualmente ser posta frequentemente em causa, marcou durante muitos anos este meio profissional. De acordo com a teoria do espelho, escreve Nélson Traquina (2002), “o jornalista é um comunicador desinteressado, isto é, um agente que não tem interesses específicos a defender, que o desviem da sua missão de informar, procurar a verdade, contar o que aconteceu, doa a quem doer”.
O desenvolvimento da teoria do espelho aconteceu numa época em que o jornalismo começa a comercializar-se e a profissionalizar-se e o papel dos órgãos de comunicação social deixa de ser o de propaganda e difusão de interesses privados para passar a ser informar de forma isenta, honesta, sem segundas intenções.
Nesta perspetiva, as notícias são única e exclusivamente determinadas pela realidade. Acredita-se que elas são um espelho da realidade e não uma construção social levada a cabo por um jornalista que seleciona determinados aspetos que considera serem mais importantes em detrimento de outros.
Existem dois momentos históricos que marcam esta teoria:
O primeiro corresponde a meados do século XIX, numa altura em que surge um novo jornalismo, o jornalismo de informação que separa claramente os factos das opiniões. As agências de notícias foram as que mais defenderam o novo paradigma.
O segundo momento histórico data o século XX, quando surge o conceito de objetividade associado ao jornalismo.
A teoria do espelho sempre foi colocada em causa e, hoje em dia, mais que nunca, todos a refutam. Os investigadores e teóricos da área não acreditam que o jornalista seja um ser desinteressado que espelha a realidade tal como ela é nos seus textos. A escrita só por si dificilmente será neutra. Além disso, o jornalista depende de fontes de informação, indispensáveis à realização do seu trabalho, que podem manipular e distorcer a realidade.