Andrei Tarkovsky (4 de Abril, 1932 – 29 de Dezembro, 1986) é considerado como um dos mais aclamados e admirados realizadores cinematográficos contemporâneos da Rússia. Os seus filmes e toda a sua obra cinematográfica é conhecida pela sua típica abordagem mais poética e filosófica, com assinatura própria.
Tarkovsky era filho de Arseni Tarkovsky, um poeta. Começou a trabalhar como geólogo antes de ter tido a oportunidade de estudar na Escola de Cinema de Moscovo sob a tutela de Mikhail Romm.
Primeiras obras realizadas
Enquanto na escola de cinema, teve oportunidade de realizar um par de curtas-metragens, como foi o caso de “Segodnya uvolneniya ne budet” (“Hoje não haverá saída livre”), em 1959, e o muito bem recebido “Katok i skripka” (“O Rolo Compressor e o Violino”), este já em 1961.
Após concluir a sua formação, Andrei Tarkovsky teve a oportunidade de trabalhar para os estúdios Mosfilm, realizando, em 1962, aquele que seria o seu primeiro filme oficial, “Ivanovo detstvo” (“A Infância de Ivan”). O filme acabaria por arrecadar o principal prémio na edição daquele ano do Festival de Cinema de Veneza.
O seu segundo filme teria um maior impacto na comunidade cinematográfica. “Andrey Rublev” seria apresentado em 1966 para uma recepção muito favorável por parte da massa crítica e é, em geral, a obra mais conhecida de Tarkovsky. O filme retrata a vida do pintor russo do século XV, transparecendo-se, paralelamente, como um drama metafórico sobre as dificuldades de ser artista na então Rússia. Há quem faça uma interpretação mais lata, e veja o filme como uma parábola que reflecte os efeitos dramáticos da guerra e do caos sobre a humanidade. Muitos críticos consideram este filme como a obra-prima por excelência de Andrei Tarkovsky. O filme seria concluído em 1966 mas, devido a forte censura por parte do governo Soviético, o seu lançamento seria adiado para 1971. O filme acabaria por receber o prémio FIPRESCI de Cannes, lançando Tarkovsky para a ribalta do cinema internacional.
Em 1972, Tarkovsky completaria “Solyaris” (“Solaris”), baseado no romance com o mesmo nome de Stanislaw Lem. Seria o filme mais visto de Andrei Tarkovsky fora da União Soviética (embora o próprio autor o considere como o filme menos conseguido da sua carreira), e arrecadaria o Grande Prémio e o prémio FIPRESCI, ambos em Cannes.
Em 1976, Andrei Tarkovsky expunha o seu filme “Zerkalo” (“O Espelho”), o qual seria bastante popular entre os principais grupos de intelectuais da Rússia, devido à sua narrativa vaga e abstracta, combinado com as suas interessantes técnicas de filmagem. O filme relata uma história autobiográfica, com uma veia bastante íntima e complexa, na qual a cronologia da história assume uma diversidade, ao alternar entre espaços temporais. O filme acaba por reflectir os sonhos e experiências de infância de Tarkovsky, à medida que cresceu no seio de uma comunidade de artistas sob a governação de Estaline. Para muitos, é considerado como uma obra cuja temática acompanha o seu primeiro filme, “Ivanovo detstvo”, o qual abordava de forma objectiva a experiência de crescimento de um menino durante a Segunda Guerra Mundial.
“Stalker” seria o último filme de Tarkovsky rodado na União Soviética. O filme seria produzido entre imensas peripécias e acontecimentos durante a produção, entre as quais uma mudança de cinematógrafo e um ataque cardíaco sofrido pelo próprio Tarkovsky em 1978, causando uma série de adiamentos no que se refere à conclusão do filme.
Expatriação e trabalhos fora da União Soviética
Já no início dos anos oitenta, Andrei Tarkovsky começou a filmar fora da União Soviética, em países como Itália, Suécia e Inglaterra. No entanto, o estilo e as temáticas tipicamente soviéticas permaneceriam presentes no seu trabalho. Como tal, em 1984, Andrei Tarkovsky não conseguiria uma permissão formal para permanecer no estrangeiro, sob pena de, se o fizesse, perderia o direito de poder continuar a realizar filmes. Por consequência, Tarkovsky acabaria por optar por não regressar e permanecer na Europa Ocidental.
Assim, o seu penúltimo filme, “Nostalghia” (“Nostalgia) seria rodado em Itália. Com o estúdio soviético Mosfilm fora do projecto, Tarkovsky aliar-se-ia à estação televisiva Rai para financiar o filme. Em 1983 o filme estaria finalmente completo. Apesar de estar nomeado para a prestigiante Palme d’Or do Festival de Cinema de Cannes, as autoridades soviéticas intercederiam junto do júri para impedir que o filme vencesse o grande prémio, algo que motivaria a que Tarkovsky vincasse a sua posição de não voltar a trabalhar em espaço soviético.
Em 1986, o seu último filme seria exibido ao grande público, “Offret” (“O Sacrifício”), o qual seria produzido na Suécia. O filme arrecadaria o Grande Prémio em Cannes na edição daquele ano.
Já no final daquele ano, Andrei Tarkovsky faleceria em Paris, vítima de cancro no pulmão. Morreu aos 54 anos.