A proximidade como critério de noticiabilidade
O conceito de jornalismo de proximidade surge em estreita relação com os critérios de noticiabilidade, termo utilizado para designar um conjunto de valores-notícia que determinam se um acontecimento é ou não suscetível de se tornar notícia a ser apresentada ao público. Partindo do pressuposto de que o que é comum e normal possui pouco valor informativo, vários autores se debruçaram e enumeraram os atributos que permitem que algo se torne notícia, entre os quais a proximidade. Desta forma, quanto mais próximo ocorrer um acontecimento, mais probabilidade tem de se tornar notícia.
Mas enquanto valor-notícia, a proximidade pode ser interpretada à luz de diferentes perspetivas, nomeadamente a geográfica, a temporal e a psicoafectiva. Neste sentido, falar de proximidade geográfica implica, necessariamente, uma lógica de delimitação do território e do público-alvo. Na perspetiva temporal, a proximidade define o ciclo de vida das notícias e, através deste, o próprio conceito de atualidade. Já do ponto de vista psicoafectivo, a proximidade está na origem do modelo comunicativo intimista, uma vez que os conteúdos carregam aspetos mais emocionais e psicológicos. E é precisamente à comunicação social regional e local que compete a função de criar e assegurar laços de familiaridade numa comunidade, resultante da partilha de valores e de um território.
Jornalismo de Proximidade
O advento da Internet consolidou o modelo de comunicação “de muitos para muitos” na sociedade contemporânea: enquanto uma rede onde convergem milhares de outras redes de computadores distribuídos de forma cooperativa e organizada, a Internet atenua as barreiras temporais e espaciais, potencia a comunicação em rede e, por conseguinte, a aproximação de indivíduos à escala global. Mas à medida que a globalização avança, surge a necessidade de afinidade cultural e partilha de interesses no âmbito da realidade individual de cada um.
Com esta mudança de paradigma, o jornalismo de proximidade recupera a sua pertinência, na medida em que oferece informação contida nos limites de uma área geográfica. Esta informação de proximidade, por sua vez, estabelece elos de ligação comunitários. Posto isto, podemos definir os meios de comunicação de proximidade como todos aqueles “que se dirigem a uma comunidade humana de tamanho médio ou pequeno, delimitada territorialmente, com conteúdos relativos à sua experiência quotidiana, às suas preocupações e aos seus problemas, ao seu património linguístico, artístico e cultural e à sua memória histórica” (Coelho, 2005, p. 154).
Tendo em conta a especificidade dos meios de comunicação de proximidade, estes estabelecem uma relação mais convivial com o seu público-alvo e assumem o compromisso de o informar, em primeiro lugar, sobre o que se passa à sua volta e só depois acerca dos acontecimentos nacionais e mundiais, tendo sempre presente o cuidado de interpretar os factos à luz das vivências locais.
References:
Camponez, C. (2002). Jornalismo de Proximidade: Rituais de comunicação na imprensa regional. Coimbra: Minerva.
Coelho, P. (2005). A TV de Proximidade e os Novos Desafios do Espaço Público. Lisboa: Livros Horizonte.