O termo feminismo refere-se ao movimento das mulheres em prol da igualdade de género e de direitos. Muitas pessoas confundem este conjunto de levantes sociais, políticos e ideológicos com o antónimo de machismo. Feminismo não é o oposto de machismo, mas sim o seu antagónico, uma vez que busca, por meio de luta constante, derrotar o machismo.
Entre os muitos objetivos do feminismo destacam-se: o empoderamento, os direitos equânimes e a advocacia pela causa feminina. O movimento teve início oficialmente no século XIX ainda. Embora saiba-se que as mulheres antes disso tentaram levantes em pequenos grupos.
Breve história do feminismo
Na França e nos Países Baixos que a etimologia surgiu, por volta de 1837. O primeiro filósofo a utilizá-la foi Charles Fourier (Cornell, 1998). Depois os outros países foram aos poucos aderindo, conforme sua evolução ou cultura.
O fenómeno é dividido em três etapas, que os teóricos da área de sociologia e comunicação denominam de “onda” (Walker, 1992). A segunda onda deu-se em 1960 e foi a mais marcante. Isso porque nesta época houve o levante social pós-colonialista.
Esta tendência se deu porque diversos países na África, que eram colónias europeias, conquistaram a sua independência. Outros países nas Caraíbas, América Latina e Sudoeste Asiático também tornaram-se livres no mesmo período. Os movimentos feministas que ocorreram depois disso são conhecidos como pós-colonialistas.
De acordo com Walker (1992), a terceira onda se deu nos anos 1980. Quando o feminismo entrou em conflito com a desigualdades relacionadas ao racismo, à homofobia, ao classismo e às outras minorias.
É na terceira onda que as feministas argumentam que os papéis sociais definem os géneros e diferenciam o sexo biológico do género. Com isso nasce também a teoria queer (Oliveira e Nogueira, 2009).
Durante a segunda onda, o feminismo era muito preocupado com as desigualdades culturais e políticas das mulheres. E para o fenómeno, o poder era demasiadamente sexista. Por isso, Hanisch (2006) cunhou o termo “o pessoal é político”. Sua intensão era chamar a atenção da sociedade em geral para os problemas enfrentados pelas mulheres.
Uma das motivações das mulheres da segunda onda do feminismo era o sufrágio. Para diluir o poder enraizado no masculino, elas exigiam o direito de voto. A igualdade de voto demorou muito tempo para ser efetuada em diversos países. Em Portugal, só se deu no final dos anos 1970 (Silverinha, 2012).
Feminismo e género
De acordo com Pereira (2012:35), “género designa o conjunto de significados e valorizações associados, num certo tempo e espaço social e geográfico, às categorias «feminino» e «masculino», e os processos, discursos e estruturas através dos quais se (re)produzem e negociam, de forma contínua mas variável, diferenciações e hierarquias entre pessoas e «coisas» com base nessas categorias”.
A terceira onda utiliza-se imenso deste conceito. As feministas deste período dividem-se em dois principais grupos: um que quer dar continuidade aos trabalhos já iniciados nas ondas anteriores; e outro que desqualifica a segunda onda e quer refazer o feminismo, em cima da experiência de mulheres brancas, de classe média e ocidentalizadas.
Esse segundo grupo, segundo alguns teóricos, é visto como o precursor do backlash no feminismo. Isso porque a desmoralização do que já foi executado pelas primeiras feministas acaba por causar uma crítica social ao movimento. Assim, o feminismo pode ser visto como maléfico.
O primeiro grupo segue lutando até a atualidade para que cada vez mais mulheres tenham acesso aos seus direitos, consigam empoderar-se e livrar-se das amarras do poder misógino.
Misoginia
A misoginia é o nome dado ao desprezo ou ódio à mulher. Ela existe por causa do privilégio masculino e pode se manifestar em diversas formas ou situações. É comum em casos de exclusão social, violência sexual, física ou verbal, objetificação do corpo e androcentrismo.
References:
Cornell, Drucilla (1998). At the heart of freedom: feminism, sex, and equality. Princeton, N.J.: Princeton University Press.
Hanisch, Carol (1 de janeiro de 2006). The Personal Is Political. The women’s liberation movement classic whit a new explanatory introduction. Disponível em http://www.carolhanisch.org/CHwritings/PIP.html.
Oliveira, João Manuel de e Nogueira, Conceição. (2009). Introdução: Um lugar feminista queer e o prazer da confusão e fronteiras. Ex aequo, pp. 9-12. Disponível em http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0874-55602009000200002.
Pereira, M. d. M. (2012). Fazendo género no recreio: a negociação do género em espaço escolar. Lisboa, Imprensa de Ciências Sociais.
Silveirinha, M. J. (2012). “As mulheres e a afirmação histórica da profissão jornalística: contributos para uma não-ossificação da História do jornalismo.” Comunicação e Sociedade 21: 165 -182, em: http://revistacomsoc.pt/index.php/comsoc/article/viewFile/707/628.
Walker, Rebecca (1992). Becoming the Third Wave. Ms. [S.l.: s.n.] pp. 39–41.