Conceito de géneros jornalísticos
A expressão géneros jornalísticos designa as diferentes formas de jornalismo, diferentes formas de olhar e de representar a realidade, em formatos conhecidos da generalidade do público, como a notícia, a reportagem, o artigo de opinião, entre outros. Cada um destes géneros se desenvolveu ao longo da história. Uns aproximam-se mais do tratamento dos factos de forma objetiva, enquanto que outros permitem uma abordagem de caráter opinativo.
Podemos ver o jornalismo delimitado em diferentes géneros jornalísticos. Primeiramente, iremos observá-lo de acordo com uma perspectiva histórica.
Jornalismo ideológico, jornalismo informativo e jornalismo explicativo
De acordo com Ángel Benito (FONTCUBERTA, 1996: 102-103), a partir da segunda metade do século XIX até ao final da I Guerra Mundial, o jornalismo foi, sobretudo, ideológico, uma vez que se tornou num meio de difusão das ideologias políticas então emergentes e dirigia-se, maioritáriamente, ás elites sociais e nele proliferava a transmissão de opiniões. A par deste género, surgiu, em simultâneo, o jornalismo informativo, que teve início na década de 70 do mesmo século e só imperou após a I Guerra Mundial. Neste período, o jornalismo procura relatar a realidade, sem intervenção opinativa, assumindo assim, um caráter imparcial, na procura da verdade. Deste modo, aproxima-se de um público mais vasto e heterogéneo. É também nesta fase que se subdivide em três géneros, bem conhecidos atualmente: notícia, reportagem e entrevista.
O jornalismo explicativo caracteriza-se por uma maior profundidade quanto à análise dos factos e surge em consequência da evolução tecnológica, da qual é proveniente a concorrência entre a rádio e a televisão. O cidadão passa a ser, então, a ter acesso a uma maior quantidade de informação, vinda de praticamente todo o Mundo. Houve então a necessidade de, perante o público, delimitar os limites entre a expressão da opinião e o relato dos factos, uma vez que, segundo Dominique Wolton, quanto maior for a quantidade de informação, mais difícil se torna a transmissão de factos, uma vez que estes requerem maior interpretação.
Apesar de encontrarmos estes três géneros jornalísticos ao longo de um período histórico, existem dois tipos de jornalismo que são transversais a qualquer um deles: os géneros informativos e os géneros opinativos. No primeiro caso, enquadram-se a notícia, a breve, a reportagem, a entrevista, o inquérito, enquanto que, os géneros opinativos podem ser observados no editorial, no artigo de opinião, no artigo de análise, no comentário, na crónica.
Embora em qualquer época, inclusivé actualmente, tenham havido tentativas de impor limites entre a “opinião” e a “informação”, a realidade é que, em vários casos, é possível constatar que ambas estão lado a lado ou até “misturadas” uma com a outra. Cada género jornalístico tende a transportar características de um ou mais géneros diferentes, ou seja, nenhum existe em estado puro. Porém, o certo é que, de acordo com Mar de Fontcuberta predominam quatro géneros: a notícia, a reportagem, a crónica e o artigo ou comentário e destes, provêm subgéneros, como por exemplo a “crónica política”, a “crónica social ou de costumes” ou a “crónica desportiva”.
Géneros informativos e géneros opinativos
Como anteriormente foi referido, existem dois grandes grupos onde se distribuem os géneros jornalísticos: os géneros informativos e os géneros opinativos.
Dentro dos géneros informativos, insere-se a notícia, considerada a matéria-prima do jornalismo, sem a qual não existem os restantes géneros, uma vez que os assuntos só podem ser comentados ou analisados com mais profundidade se forem baseados num relato com ligação à realidade. A breve é também uma forma através da qual os jornalistas registam os factos, embora de uma forma mais curta. Quando constituídas por duas colunas, podem conter fotografias ou gráficos. Por vezes, há acontecimentos que requerem, por parte do jornalista, um tratamento mais aprofundado e prolongado. Neste caso, estamos perante a reportagem. O género através do qual o jornalista questiona diretamente pessoas envolvidas num acontecimento é a entrevista, cuja elaboração implica um certo distânciamento, por parte do entrevistador, ou seja ele tem que por de parte as suas opiniões ou ideias pré-concebidas em relação ao enrevistado, evitando que estas interfiram na objetividade e, por conseguinte, na qualidade da entrevista.
Nos géneros opinativos, como o nome indica, predomina a expressão de uma opinião. Há certos assuntos asuntos que, devido à sua complexidade e á sua importância, requerem a divulgação de uma opinião, cujo objectivo é provocar uma reação por parte do público ou até por parte de órgãos de soberania. Este tipo de expressão dá-se pelo nome de editorial e é como que um “alerta” para despertar o espírito crítico da opinião pública para determinada realidade. Normalmente, encontra-se no início dos jornais ou revistas e tende a ser representativo da opinião desse mesmo órgão de comunicação. O artigo de opinião pode conter a opinião de um jornalista ou de uma personalidade com conhecimento mais aprofundado acerta de um determinado tema (professor, político, profissional liberal). Para influenciar a opinião do público, o autor deste tipo de artigo recorre a argumentos, baseados no seu conhecimento e na sua interpretação da realidade. O comentário e a crónica têm as mesmas características do artigo de opinião, uma vez que são elaborados por pessoas consideradas influentes quanto à análise de assuntos importantes para a sociedade, contribuindo para assim para a formação da opinião pública.