Conceito de Economia da Felicidade
A Economia da Felicidade é um ramo recente da economia e que visa encontrar formas de estudar quantitativamente a felicidade humana, medida através de variáveis como o bem-estar, a qualidade de vida, o prazer e satisfação com a própria vida, e diversos outros conceitos com estes relacionados. Para tal, a Economia da Felicidade, além de recorrer aos conceitos económicos tradicionais, recorre também a outros campos e ciências tais como a psicologia, a antropologia, a ciência política e a sociologia. A ideia base que esteve na génese da Economia da Felicidade é a de que medidas tradicionais como a riqueza financeira ou o Produto Interno Bruto (PIB) pouco consegue revelar sobre o grau de bem estar da população, não sendo por isso adequado a sua utilização como medida do progresso e do desenvolvimento de uma sociedade. Por outro lado a utilização da riqueza e do PIB como únicos indicadores de progresso é perigosa, levando à destruição ambiental, à crescente desigualdade na distribuição da riqueza, ao desemprego crescente nos países desenvolvidos, às excessivas concentrações populacionais nos grandes centros urbanos, à desregulamentação e a especulação financeira, problemas atuais extremamente graves que convivem com um PIB mundial tendencialmente sempre em crescimento.
Apesar das referências à Economia da Felicidade se terem intensificado nos últimos anos, o conceito não é completamente novo já que para os ‘primeiros economistas’ do século XVIII e XIX a felicidade era o fim último da ciência e da política económica. Apenas nos anos 30 do séc. XX, com o eclodir da Grande Depressão, é que a felicidade remetida para um plano secundário. Foi então necessário esperar até aos ano de 1970 para que economistas como Richard Layard e Richard Easterlin voltassem a colocar a felicidade na análise económica, abrindo caminho para o boom iniciado nos anos de 1990 e que entusiasmou Prémios Nobel como Daniel Kahneman ou Joseph Stiglitz.
Gross National Happyness – índice bruto de felicidade
Em 1972, num pequeno país oriental chamado Butão, ou seu o monarca Jigme Singye Wangchuck, cunhou a expressão Gross National Happiness (em português Índice Bruto de Felicidade), de forma a dar expressão à sua intenção de abrir o país à globalização, mas sem descurar os valores espirituais budistas, próprios do Butão. O rei defendia que um desenvolvimento sustentável apenas poderia consistir numa abordagem holística, que englobasse não apenas progresso económico, como também aspetos não económicos determinantes da felicidade.
Inicialmente, o conceito de Índice Bruto de Felicidade apoia-se, em quatro pilares: o bom governo, o desenvolvimento socioeconómico sustentável, a preservação cultural e a conservação do ambiente. Atualmente, já são contemplados nove domínios distintos: o bem-estar psicológico, a saúde, a educação, o uso do tempo, a diversidade cultural e a sua resiliência, o bom governo, a vitalidade da comunidade, a diversidade ecológica e a sua resiliência, e os parâmetros de vida.
References:
Bruni, L. (2004). The happiness transformation problem in the Cambridge tradition. European Journal of the History of Economic Thought, 11(3)