ELLE ou ELLE Magazine, é uma revista feminina de moda francesa, publicada por Hachette Filipacchi Médias desde 1945. É considerada uma das maiores revistas de moda do mundo em circulação, com 42 edições em mais de 60 países. Mensalmente publica artículos de lifestyle, moda, decoração, bem-estar, sobre estilistas, escritores, fotógrafos e designers dentro de uma perspectiva sofisticada do mundo da moda, da beleza e da cultura pop.
A história da revista ELLE começou em 1945 em França, durante um conturbado período da história da Europa, o pós-guerra, que pedia a gritos, dias melhores, mais bonitos e optimistas. Era a época perfeita para lançar uma revista para mulheres modernas, apaixonadas pela moda e que desejavam sentir-se melhor e mais belas.
Foi neste contexto, que Hélène Gordon-Lazareff, com a ajuda do marido Pierre Lazareff, criou a revista ELLE, quando regressou a França, depois de ter permanecido nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial.
A primeira edição da revista ELLE (que em francês significa simplesmente “ELA”), que inicialmente se publicava semanalmente, chegou às bancas exactamente no dia 21 de Novembro de 1945 e vendeu mais de 700 mil exemplares. A capa continha uma bela mulher de casaco vermelho e chapéu preto segurando um gato. Um estrondoso sucesso na altura!
A revista chegava ao mercado com a missão de transformar a mulher e propor ideias para ela actualizar todo o seu mundo, desde o guarda-roupa à casa, até à maquilhagem ou cabeço, passando pela opinião geral dos acontecimentos do mundo. A escritora e jornalista Françoise Giroud foi quase desde o princípio a sua redactora-chefe, imprimindo à publicação uma grande personalidade e estilo.
Dois anos depois, Christian Dior mudou a moda com o chamado New Look (Novo Visual), cintura de pilão, seios e quadris em evidência. As páginas da revista são tomadas pela nova silhueta, com vestidos de princesa, saias rodadas e tops justinhos e a a revista Elle, retratou tudo isso em suas páginas desde perto, mantendo uma relação de proximidade com o estilista.
Em 1948, surgiu a secção Bon Magique, que trazia roupas e acessórios com óptimos preços. Nos anos de 1960, a estilista inglesa Mary Quant criou a mini-saia, um dos maiores hits de todos os tempos. As adeptas da modernidade embarcam nos futuristas Courrèges, Cardin e Rabanne. Yves Saint Laurent modernizou a alta-costura com os seus smokings que conviviam com os tailleurs de Chanel. Nascia aí o prêt-à-porter e começava uma nova era na moda e para as revistas de moda. Foi nesta época que ELLE se tornou um ícone, inclusive na implantação do movimento feminista.
No final desta década a revista lançou a sua primeira edição internacional no Japão, em 1969. O sucesso da revista era tão grande nesta época, que não teve dificuldades nenhumas, para superar a marca de 1 milhão de exemplares comercializados mensalmente.
Em 1981, Daniel Filipacchi e Jean-Luc Lagardère proprietários do grupo Hachette Magazines, adquirem os direitos da revista e começaram a expansão da publicação a nível mundial. Começando nesta década a época dos exageros e extravagâncias de estilos e modas. As ombreiras cresceram, as cores electrizam-se, os volumes inflacionam-se, os jeans atravessam o seu boom e a importância das marcas e os logótipos tomaram o controlo das peças. .
A revista ELLE acompanhou todo este turbilhão de mudanças e começa a expandir-se por todo o mundo, publicando novas edições em: Estados Unidos e Inglaterra em 1985, Itália em 1987, Alemanha, China, Suécia, Grécia e Portugal em 1988.
Teresa Coelho, a primeira editora chefe da revista Elle Portugal, justificou-se na altura, o porquê do nascimento da edição nacional:
“A Elle portuguesa é acima de tudo uma revista portuguesa. Como diria outro poeta, o universal é o lugar sem muros. E o nosso lugar é português. Se não tem muros é porque trabalhamos com a equipe francesa, grega, ou alemã. Mas fazemo-lo com portugueses e para portugueses. Fazemos a Elle que todos reconhecem para aqueles que ainda não a conhecem em português. Com o mesmo estilo, o estilo Elle, mas nosso: as nossas reportagens, a nossa moda, os nossos manequins, a nossa actualidade, os nossos problemas, as nossas casas, no nosso país. E sobretudo com homens e mulheres portugueses, com as suas inquietações, perplexidades, expectativas. Uma revista sem muros é isso, também: um lugar feminino, a começar pelo título, mas para todos os leitores” (apud CORDEIRO, 2009, p.19).
Em 1989 ocorreu o lançamento da ELLE INTERIOR (direccionada exclusivamente para a decoração e arquitectura), conhecida em alguns países como ELLE DECOR, que actualmente tem circulação em 27 mercados globais e 8.5 milhões de leitores.
Uma década mais tarde, em 1999, a marca expande-se para um novo mercado, com o lançamento da Elle à table, uma revista de culinária, gastronomia e receitas.
No início do novo milénio, em 2001, a marca continuou a diversificação de seu portfólio com o lançamento da revista ELLE GIRL (para um público mais jovem). Além disso, em 2000, finalmente a revista ingressou no mundo digital com o lançamento de seu site na internet. Dinâmico e cheio de estilo traz para as internautas as últimas novidades da moda, com a cobertura dos principais eventos e todas as tendências de moda e beleza. O site também oferece às suas leitoras online, um blogs onde as editoras da revista, disponibilizam dicas de moda, beleza, entretenimento e cultura, de forma quase diária.
Pouco depois, em 2003, a revista alcançou uma marca histórica: 3.000 edições lançadas desde a sua criação. No ano de 2005 a revista celebrou 60 anos. Com o slogan “60 anos de cumplicidade com as mulheres”, lançou no dia 21 de Novembro em França uma edição especial comemorativa com quase 400 páginas, nas quais repassava as principais conquistas femininas e elegeu os seus “60 ícones”, da moda e do estilo.
Para reflectir esse espírito festivo, a revista trazia na capa um grande bolo de aniversário, cujas velas eram sopradas por Monica Bellucci, Sophie Marceau e Laetitia Casta. Nos últimos anos a ELLE lançou novas edições internacionais na Malásia, Austrália e Cazaquistão.
Em 2015, para comemorar os 70 anos da revista, organizaram uma exposição comemorativa a céu aberto em plena Avenida Champs-Élysées em Paris.
Passados mais de 70 anos, a revista ELLE conserva a mesma identidade. Hoje em dia, é considerada uma revista transgeracional, que atinge mães e filhas.
References:
CORDEIRO, Helena C. P. O papel principal: um estudo de caso – As capas da Elle de edição portuguesa. Lisboa: Media XXI, 2009.