Jean-Michel Basquiat foi um artista norte-americano que se destacou nas áreas do graffiti e neo-expressionismo.
Basquiat nasceu a 22 de Dezembro de 1960 em Brooklyn, Nova Iorque (Estados Unidos da América), tendo contudo origens haitianas por parte do pai e porto-riquenhas por parte da mãe. A família de Basquiat era abastada, e desde cedo que a mãe, particularmente, o despertou para o mundo artístico, levando-o usualmente a diversas exposições. Jean-Michel foi uma criança precoce, que aprendeu muito cedo a ler e a escrever, e que revelou desde cedo uma acentuada veia artística e apurado sentido estético. Contudo, a infância e adolescência de Basquiat foram bastante conturbadas; os pais divorciaram-se, e o jovem mudou-se para Porto Rico por um período de 2 anos, após o qual Jean-Michel regressou a Nova Iorque. Em 1973, a mãe de Basquiat foi internada devido a problemas do foro psicológico; pouco tempo depois, com apenas 15 de anos, o jovem fugiu de casa, tendo-se tornado sem-abrigo por um curto período, após o qual foi capturado pela polícia e entregue à guarda do pai. No décimo ano, Basquiat saiu do liceu, sem nunca ter completado o ensino secundário, e ingressou na City-AS-School, uma escola técnica direcionada para o ramo artístico. Nesta altura, a sua relação com o pai atingiu um ponto de ruptura, e Basquiat foi expulso de casa, tendo ido viver com um grupo de amigos e subsistindo através da venda de t-shirts e postais ilustrados por si.
Em 1976, Basquiat iniciou aquela que viria a ser a sua mundialmente famosa carreira artística. Juntamente com o seu amigo Al Diaz, começaram a pintaram diversos graffiti na cidade de Nova Iorque, sob o pseudónimo SAMO[1]. O projecto, que chamou bastante a atenção a nível local, viria a acabar passado apenas dois anos, com o fim da amizade entre os dois artistas; o último trabalho foi a inscrição “SAMO IS DEAD”, deixada numa parede no bairro Soho. Contudo, pouco tempo depois a carreira artista de Basquiat a solo viu-se catapultada para o estrelato, quando o artista foi convidado pela Collaborative Projects Incorporated (Colab) a fazer parte da exposição The Times Square Show, juntamente com diversos artistas de renome na época; além de ter dado grande projecção ao trabalho de Basquiat, esta exposição permitiu também que este travasse conhecimento com outros artistas, especialistas e apreciadores da arte neo-expressionista, entre os quais se conta Andy Wahrol, com quem viria a desenvolver uma amizade e parceria artística. Além disso, o trabalho de Basquiat foi muito bem recebido por parte do público em geral, o que levou a um aumento exponencial do valor das suas obras. Nos anos que se seguiram, Basquiat continuou a produzir proliferamente, sempre ligado à corrente neo-expressionistas, tendo realizado diversas exposições, tanto nos Estados Unidos da América, como em diversos países da Europa e África.
Basquiat, contudo, nunca deixou para trás a vida conturbada que se iniciou ainda na sua infância, e era um ávido consumidor de droga e viciado em heroína e revelava sintomas de depressão severa; a 12 de Agosto de 1988, Jean-Michel Basquiat acabou por morrer de overdose no seu estúdio em Manhattan, com apenas 27 anos.
O artista deixou ainda assim um grande legado e uma marca na arte contemporânea; o seu trabalho evocava as suas raízes afro-americanas e latinas, fazendo referências à escravatura, racismo e repressão. A utilização que o artista fazia de diversos materiais, conferindo às telas texturas inesperadas, e os jogos contínuos com palavras, números, logótipos, diversos símbolos ou diagramas, a par com as cores fortes e pujantes, tornam o trabalho de Basquiat único e facilmente reconhecível, sendo ainda hoje exibido em diversos países, e com obras que ascendem a vários milhões de dólares.
References:
[1] Abreviatura da expressão inglesa “same old shit”, que se pode traduzir para “o mesmo de sempre”, no sentido figurativo.