Conceito de Satisfação (em Psicanálise)
Em Psicanálise, satisfação significa um tipo de experiência interpretada nas relações precoces. Nesse sentido, consiste no apaziguamento do bebé, nas suas necessidades – de calor, afeto, sede, fome, entre outras – por parte da mãe. É a atenuação de uma tensão interna pela intervenção de contenção exterior. A satisfação é um sentimento experimentado por um individuo, inicialmente associado aos cuidados maternos. Este conceito é de extrema importância em psicanálise pois é a base da realização do desejo.
A imagem de objeto satisfatório interiorizada assume um valor de preferência e peso na constituição do desejo, também este moldado pela necessidade de satisfação que dele provem. Por estar ligada ao objeto real, poderá ser reinvestida mesmo na sua ausência ao que se chama satisfação alucinatória do desejo. Esta satisfação alucinatória do desejo irá servir de base às posteriores procuras de um objeto satisfatório.
A vivência de satisfação embora dependa habitualmente de um objeto externo real, é investido e modelo interiorizado ligado à fantasia e aos fantasmas. A satisfação, a sua vivência, associa-se ao estado de desamparo no ser humano, pois inicialmente, o organismo não pode provocar uma ação especifica capaz de suprimir a falta, a ausência que vai gerando tensão e angústia. O suprimento dessa tensão necessita de um outro. Se novo estado de tensão emerge, a primeira imagem que o aparelho psíquico procura é a do objeto necessitado, sendo então revestida de desejo. Se este não é satisfeito, surge a frustração.
O par satisfação real e satisfação alucinatória constituem a base do desejo, segundo um modelo de alucinação primitiva. O Ego tem uma função importante na satisfação do desejo pois à medida que vai amadurecendo, vai possibilitando a distinção entre a alucinação e a perceção. Também permite através de outras funções tais como o deslocamento ou a inibição que a realização do desejo se dê, em caso de frustração com desvio para outros interesses ou o reinvestimento consecutivo da imagem do objeto satisfatório para que este reinvestimento não seja demasiado intenso.
Sigmund Freud (1856-1939) e Melanie Klein (1882-1960) foram os primeiros autores a conceptualizar a vivência de satisfação. A título de exemplo, destacamos as seguintes obras: “Projeto para uma Psicologia”, 1895, A Psicanálise de Crianças, 1933.
Palavras-Chave: Satisfação, Realização do Desejo, Alucinação primitiva, Sigmund Freud, Melanie Klein
Bibliografia:
- Larousse-Bordas (2007). Dicionário Temático Larousse – Psicanálise ( Dir. Pajouès, J.). Porto Alto: Temas e Debates
- Laplanche, J. & Pontalis, J.-B. (1990) Vocabulário de Psicanálise. Lisboa: Editorial Presença (obra original publicada em 1967)
- Roudinesco, E. & Plon, M. (2000). Dicionário de Psicanálise. Lisboa: Editorial Inquérito. (obra original publicada em 1997)