O dinamismo terrestre não se manifesta apenas através das mudanças dos seres vivos, mas também da própria actividade do planeta. Os vulcões e os sismos são provas dessa actividade.
Verificam-se, contudo, mudanças muito mais subtis que não são facilmente perceptíveis. As montanhas são soerguidas e posteriormente desgastadas pela erosão, os continentes mudam de posição e os oceanos formam-se e desaparecem de um modo imperceptível à escala da vida humana.
Alguns cientistas, como por exemplo, Wegener, admitiram a hipótese de que os continentes estiveram unidos, há cerca de 225 milhões de anos, num supercontinente, a Pangeia, rodeado por um só oceano, chamado Pentalassa. Esse continente ter-se-ia fragmentado em dois continentes: um a norte, chamado Laurásia, e outro a sul, a Gonduana. Diferentes dados apoiam a hipótese da existência de Gonduana, formada por continentes que hoje se encontram separados:
– O traçado complementar de zonas costeiras de continentes hoje separados, como por exemplo, a África e a América do Sul;
– A identidade de camadas rochosas com a mesma idade em certas regiões de vários continentes actualmente distantes;
– Os testemunhos fósseis, como é o caso do Glossopteris, que aparece fossilizado exclusivamente em África, na América do Sul, na Índia, na Austrália e na Antárctida.
A Índia, há cerca de 70 milhões de anos, ter-se-ia separado do continente africano e deslocado para o norte até chocar com a Ásia. Hoje, a ligação da Ásia com a Índia é marcada pelas grandes montanhas dos Himalaias.
Admite-se ainda que durante 60 milhões de anos, a América do Norte e a América do Sul estiveram separadas, e que só há cerca de 2 a 3 milhões de anos se formou o istmo do Panamá, o que permitiu trocas de animais entre a América do Norte e a América do Sul. Os fósseis encontrados nas rochas dos dois continentes vieram apoiar esta suposição.
É de referir, contudo que não foi apenas durante a existência da Pangeia que as diferentes áreas continentais estiveram unidas. Várias vezes, no decurso da história da Terra, tal fenómeno ocorreu e várias “pangeias” se formaram, se fragmentaram em continentes diferentes dos actuais e outros mares e oceanos existiram.
O estudo das rochas e dos fósseis nelas contidas, bem como o estudo das deformações que experimentaram, permite aos geólogos reconstituir a posição geográfica de várias zonas no passado do nosso planeta.
Há mais de dois milhões de anos, arcos, ilhas e microcontinentes estavam dispersos no globo terrestre separados por bacias oceânicas. Estas pequenas peças da crosta continental formaram-se durante o Éon Proterozóico. Há cerca de dois milhões de anos, devido aos movimentos de tectónica de placas juntaram estas peças soltas num grande continente denominado Pangeia I.
Milhares de anos depois, devido aos mesmo movimentos das placas litosféricas, a Pangeia I fraturou-se. Depois de a Pandeia I se ter fraturado, os diferentes segmentos da crosta continental migraram e acabaram por se reunir novamente constituindo a Pangeia II. Este acontecimento ocorreu há cerca de um milhar de milhões de anos. Porções do que é hoje o continente europeu estavam ligadas à América do Norte. O continente Pangeia II começou a separar-se entre 900 a 600 milhões de anos, próximo do fim do tempo Proterozóico.
No decurso dos tempos, a posição dos continentes e dos oceanos tem vindo a alterar-se, e certamente continuará a modificar-se, em consequência do movimento das placas tectónicas.