Biografia de Maria I:
Maria I de Portugal era filha de José I com Mariana Vitória de Espanha, nasceu a 17 de Dezembro de 1734 em Lisboa. Reinou de 24 de Fevereiro de 1777 até a sua morte a 20 de Março de 1816, Da união com Pedro III de Portugal, resultou o sucessor João VI. Ficou conhecida para a História como a ‘Piedosa’ e ‘A Louca’.
Como primogénita de José I recebeu o título de Princesa do Brasil e de Duquesa de Bragança, assumindo o papel de herdeira do trono lusitano. De forma a assegurar a continuação da Casa de Bragança, casou-se com o tio Pedro de Bragança a 6 de Julho de 1760. Quando Maria I sucedeu ao pai, o marido tornou-se Pedro III rei consorte.
Para uns é considerada a primeira mulher oficialmente reinante em Portugal, segundo outra perspectiva historiográfica, Teresa de Leão já havia adquirido este título pelo Papa em 1112. Certo é que efectivamente e durante um período alargado de tempo. Maria I governou inquestionavelmente o reino.
Maria era caracterizada pelo seu fervor religioso. Uma das primeiras medidas que teve foi retirar e exilar o Marquês de Pombal da corte portuguesa. Maria não gostava do Marquês, quer pela sua postura de enorme brutalidade contra os Távoras, quer pela perseguição e limitação de privilégios à Igreja. Ficou conhecida como a ‘Piedosa’ pela sua extrema devoção e algum radicalismo cristão. Publicou uma lei decretando nove dias de luto, sempre que uma Igreja fosse assaltada e as hóstias caíssem no chão.
Aquando da Revolução Francesa em 1789, receber inúmeros nobres franceses exilados. Promoveu a diplomacia e actividade comercial com o exterior, como exemplifica o acordo assinado com a Prússia em 1789. Enviou diversas missões científicas às regiões ultramarinas portuguesas como Angola, Brasil, Cabo Verde ou Moçambique. No âmbito científico fundou a Academia Real das Ciências de Lisboa e a Real Biblioteca Pública da Corte, no paradigma militar fundou a Academia Real da Marinha para a formação de oficiais e no âmbito da assistência social fundou a Casa Pia de Lisboa.
A instabilidade mental de Maria I fez com que a 10 de Fevereiro de 1792, fosse abrigada a ceder em seu nome, a regência do reino ao filho João. A loucura de Maria I resultava da morte do marido em 1786, da morte do príncipe herdeiro José em 1788, dos perigos da Revolução Francesa de 1789 e do receio da condenação do pai ao inferno, pela perseguição promovida pelo Marquês de Pombal aos Jesuítas durante o reinado de José I. Todas estas questões fragilizaram a mente da soberana, já de si frágil e susceptível.
As guerras napoleónicas levaram à fuga da família real para o Brasil a 13 de Novembro de 1807, deixando o país à mercê das forças invasores compostas por uma coligação entre a Espanha e França. A defesa do reino ficou a cargo das forças militares portuguesas coligadas com as inglesas. A rejeição portuguesa na participação do bloqueio imposto por Napoleão a Inglaterra esteve na génese das invasões.
A família real voltaria apenas após a derrota de Napoleão em 1815. Este exílio no Brasil, de milhares de figuras de destaque do regime português, estimado em aproximadamente 15 mil pessoas poderá ter potenciado a formação de uma elite favorável à separação do Brasil da coroa portuguesa.
Maria I morreria ainda no Brasil, no dia 20 de Março de 1816. Em 1821 o seu corpo foi transladado para Portugal, repousando na Basílica da Estrela em Lisboa, monumento edificado por ela.
References:
MAURO, Fréderic; Portugal, o Brasil e o Atlântico,, Ed. Estampa, 1997
RAMOS, Luís António de Oliveira; D. Maria I, Mem Martins, Círculo de Leitores, 2007.