Perspectiva, é uma palavra de múltiplos significados, podendo estar relacionada com o modo como se analisa determinada situação ou objecto; um ponto de vista sobre uma situação em específico; um modo tridimensional de representação ou tudo aquilo que se consegue ver ao longe.
Segundo o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, significa arte de representar os objectos com as modificações aparentes, neles produzidos pela distância e pela posição. Aspecto com que se apresentam os objectos vistos de longe, panorama. Desenho ou pintura que representa os objectos como são vistos pelos nossos olhos.
A palavra perspectiva, tem origem do latim perspicere, que significa, ver através de, apesar de também haverem teorias da hipótese de que o termo possa ter origem da tradução da palavra italiana prospettiva.
O seu significado pode traduzir-se de uma forma tão simples como, a representação bidimensional de algo tridimensional, através da utilização de determinadas regras geométricas de projecção. Quando desenhamos um objecto num papel estamos fazendo uma projecção do real numa representação gráfica em um papel.
A perspectiva permite-nos realizar essa projecção e representar três dimensões em duas dimensões. Para conseguir a representação mais correcta dessa realidade, devemos ter a capacidade de avaliar o que visualizamos e utilizar o correcta abordagem das técnicas, processos ou tipos de perspectiva, como por exemplo a perspectiva isométrica ou a linear, a perspectiva com dois ou três pontos de fuga, entre muitas outras.
Construção geométrica de uma perspectiva. Gravura de Henricus Hondius
Ela mostra as coisas como nós as vemos, a três dimensões, ela mostra os objectos como eles são representados à nossa vista. A Perspectiva dá-nos a visão de conjunto ou globalidade do objecto, numa vista mais próxima da realidade.
Historicamente foram os avanços da ciência ótica no Renascimento que tornaram possível abordar o estudo do que conhecemos hoje como perspectiva, foram os estudos e descobertas desenvolvidas pelos artistas e matemáticos Renascentistas, que possibilitaram o seu entendimento.
Um magnifico exemplo dos estudos realizados durante o Renascimento, são o conjunto estudos e regras que Leonardo da Vinci expõe no seu “Tratado da Pintura”, frequentemente conhecidas pelas “regras de Leonardo”. (Aumont, 1993 – pg.63).
Leonardo da Vinci acreditava que a compreensão da perspectiva era fundamental para a correcta criação artística da pintura e do desenho. Segundo algumas das suas anotações, dizia que “a prática deve sempre ser construída sobre a teoria, para a qual a perspectiva é o sinal e o portal de entrada, e sem perspectiva nada pode ser feito bem nos campos da pintura”. (KEMP, 1989 – pg.52)
A perspectiva pode aplicar-se em diferentes áreas ciências como: as artes, a arquitectura, o design, a engenharia, a geometria descritiva, etc.
Dentro das artes visuais, gráficas e técnicas, a perspectiva pode ser compreendida como a ciência ou arte, que se dedica à representação de objectos tridimensionais numa superfície bidimensional, com o objectivo de recriar a sua posição e profundidade. A sua finalidade mais básica é reproduzir a forma e a disposição segundo a qual os objectos se apresentam ao olho do observador. Um recurso gráfico que utiliza o efeito visual de linhas de convergência para criar a ilusão de tridimensionalidade do espaço e das formas, quando estas são representadas sobre uma superfície plana como a de uma folha de papel.
No Panorama artístico, podemos ainda definir e reconhecer, a chamada perspectiva artística, que define o modo como determinadas características de uma obra de arte são analisadas, criticadas ou apreciadas pelas pessoas que a observam, a partir de pontos de vista e opiniões distintas.
No âmbito das áreas da criação gráficas, utilizam a perspectiva como um meio de representação e uma ferramenta obrigatório para o desenvolvimento do seu trabalho, sejam eles: desenhadores, designers gráficos, arquitectos, urbanistas, designers de interiores, programadores, designers industriais, publicitários, pintores e até escultores, entre muitos outros.
Na arquitectura, por exemplo, a perspectiva com um ponto de fuga é muito utilizada para representar ambientes internos de uma edificação, como uma sala de estar, um escritório ou uma cozinha, podendo na cena, estarem representados os mobiliários como sofás, mesas, camas, cadeiras, tapetes, etc. Na perspectiva com um ponto de fuga as rectas horizontais e verticais estão paralelas ao quadro e as rectas que definem a profundidade convergem para um único ponto de fuga, dando a idea de profundidade necessária para a representação desses ambientes.
References:
ARNHEIM, Rudolf. Arte e percepção visual: uma psicologia da visão criadora. Cengage Learning. São Paulo, 2013
AUMONT, J. A Imagem, Papirus Editora, São Paulo, 1993
CLAUDI, Claudio. Manual de Perspectiva. Editorial Gustavo Gili S.A., 2º Edição. Barcelona, 1975
FLORES, Cláudia Regina. A história da perspectiva e a visualização no ensino de matemática: Laços entre técnica, arte e olhar. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2004
GILL, Robert W. Desenho de perspectiva. Editorial Presença, 1979
KEMP, Martin. Leonardo on Painting: An Anthology of Writings by Leonardo da Vinci with a Selection of Documents Relating to His Career. (tradução para o inglês por Margaret Walker; Yale University Press. Yale University Press, 1989) Paperback. Londres, 2001
MACHADO, José Pedro. Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa. Livros Horizonte, 4o volume M – P, 3o edição. Lisboa, 1978
MONTENEGRO, Gildo Azevedo. A Perspectiva dos Profissionais: sombras, insolação, axonometria. Ed. Edgard Blücher. São Paulo, 1983
PANOFSKY, Erwin. A Perspectiva como Forma Simbólica. Edições 70. Lisboa, 1993
ROTGANS, Henk. Perspectiva. Ediciones CEAC, S.A. Barcelona, 1988
TAYLOR, Brook. New principles of linear perspective or the art of designing on a plane the representations of all forts of objects. R. Knaplock. London, 1719
