Apresentação da Dácia
A Dácia é uma região da Europa de Leste, correspondente à atual Roménia e Moldávia, e incluindo partes da Ucrânia, Hungria, Sérvia e Bulgária. A região era habitada na Época Clássica pelos gépidas também conhecidos como dácios, um sub-grupo dos trácios que vivia a norte dos Balcãs. A região era limitada a sul pelo rio Danúbio ou, na sua máxima extensão pela cordilheira dos Balcãs, a leste pelo Mar Negro, e bem no centro do território localizavam-se os montes Cárpatos. Os primeiros registos sobre a Dácia e os seus habitantes, remontam à época helénica e demonstram uma certa evolução civilizacional, pelo menos em termos comparativos com os restantes povos consideradas bárbaros pelos romanos e gregos. Com a conquista pelos Romanos em 106 d.C, os romanos transformaram a região na Província Romana da Dácia.
Desenvolvimento tecnológico, organização social e religião
O elevado nível civilizacional da região é relatado quer por gregos, quer pelos romanos. Por exemplo, no relato da conquista da região, é referido que a sua capital, Sarmisegetusa, apenas capitulou quando o exército romano identificou e destruiu o sistema de canalização de água potável para o interior da cidade – a existência de sistema de condução de água é exemplificativo de um avanço tecnológico que poucos povos o tinham feito até então.
A sociedade dos dácios era constituída apenas por dois extractos sociais: a aristocracia e a população comum. As principais actividades económicas na região, tanto na época gépida como na romana, eram a apicultura, a agricultura, a criação de gado, a que se juntava a exploração e trabalho em metais como o ouro e prata.
Assim como a generalidade dos povos na época, os residentes da Dácia seguiam uma religião pagã polisteísta, cujo principal deus era Zamolxis. Segundo o descrito por Heródoto acreditavam na imortalidade da alma com constantes reencarnações. A religião assumia um papel central na vida dos hsbitsnyes, com o sacerdote supremo a servir como principal consultor e conselheiro do soberano gépida.
História da Dácia
Os gépidas/dácios assumiram a sua autoridade na região no século III a.C, ao derrotar as diversas tribos Celtas estabelecidas na Dácia. A partir daí expandiram-se muito rapidamente até o Mar Negro, anexando diversas cidades gregas. Durante os séculos seguintes, os gépidas relacionaram-se de forma mais ou menos pacífica com gregos, citas, germânicos e sármatas e conseguiram manter a soberania sobre o território durante um período relativamente longo, até à conquista romana em 106 d.C.
O seu auge foi atingido na altura em que Roma era governada por Júlio César. Na historiografia romana é feita menção ao facto de Júlio César pretender anexar esta região, justificando esta campanha com o perigo futuro que os gépidas poderiam representar para Império. Este projecto foi contudo colocado de parte após o assassinato de César.
Durante o reinado de Augusto, primeiro imperador romano, é feita referência ao facto dos gépidas estarem subjugadas à autoridade romana. Contudo, relatos da época demonstram não ser inteiramente verdade, pois, durante os meses de inverno os gépidas cruzavam o Danúbio congelado e pilhavam as cidades romanas. De facto, seria apenas com o Imperador Trajano no início do século II d.C, que os romanos iriam conquistar a região transformando-a na Província Romana da Dácia.
A ocupação romana da região levou a uma drástica diminuição demográfica da população, diminuição esta causada, sobretudo, pelas diversas guerras entre gépidas e romanos, que causaram milhares de mortos e fuga de boa parte da população que temia a escravatura romana. Os romanos, face a este esvaziamento populacional deslocaram de várias partes do Império escravos para a exploração económica da Dácia, e de forma a manter a autoridade romana na região foram construídas diversas fortificações.
Era um território de difícil defesa para os romanos, constantemente atacados pelas mais diversas tribos vindas do norte e da Germânia. Como consequência, no final do século III por ordem do Imperador Aureliano são retiradas as forças romanas da região e colocado um ponto final na ocupação romana da Dácia.
Não é certo o que aconteceu à população romana da Dácia, tanto a latina como os gépidas romanizados. Uma corrente defende que permaneceram na Dácia acabando por assimilar os gépidas não romanizados; outra teoria defende que a população abandonou a Dácia juntamente com as forças militares imperiais regressando mais tarde. Certo é que actualmente na Roménia é falada uma língua derivada do latim, e os gépidas são vistos como o berço da identidade nacionalista romena. Romanos e gépidas deixaram um legado inquestionável, visível naquilo que nos nossos dias corresponde a boa parte da Roménia.
References:
BORDET, M. ; Síntese de História Romana. , Edições Asa, 1996
GRIMALl, Pierre; O Império Romano, Edições 70, 2010