O neo-expressionismo, foi uma das correntes do pós-modernismo dos anos 80, foi em parte, como resultado de uma insatisfação com o Minimalismo, com a Arte Conceptual, o Happening e com o Estilo Internacional.
“Eu não aguentava mais toda aquela pureza, queria contar histórias.” – Philip Guston
A abordagem cerebral desses movimentos e sua preferência pela abstracção purista foram ironizadas pelos neo-expressionistas que aderiram à arte “morta” da pintura e prestigiavam tudo aquilo que havia sido desacreditado, como: a figuração, a emoção declarada, a autobiografia, a memória, a psicologia, o simbolismo, a sexualidade, a literatura narrativa.
O neo-expressionismo procurou resgatar a figuração, a emoção declarada, a autobiografia, a memória, a psicologia, o simbolismo, a sexualidade, a literatura e a narrativa. Ou melhor, desejava resgatar a pintura como meio de expressão.
Tem influência do Expressionismo, do Pós-Impressionismo, do Surrealismo, do Expressionismo Abstracto, da Arte Informal e da Pop Art.
A arte dos anos 80 desafia a crença modernista em uma arte transcendental e universal, enfatizando minorias sexuais e étnicas. Artistas que se definem como feministas e gays assumem uma clara postura anti-ideológica, enquanto outros denunciam as dinâmicas da autoridade e os processos consumistas da comunicação de massas.
Os temas também exibem um envolvimento com o passado, no que se refere à história colectiva ou à memória pessoal, e são explorados por meio da alegoria e do simbolismo.
O termo neo-expressionismo era usado para descrever a nova pintura realizada na Alemanha por artistas como Georg Baselitz, Jörg Immendorf, Anselm Kiefer, A. R. Penck, Sigmar Polke e Gerhard Richter. Aplicava-se também aos “realistas feios”, como Markus Lüpertz e aos “Novos Selvagens”, como Rainer Fetting.
Os artistas alemães, criaram as suas obras a partir do seu passado cultural, ao mesmo tempo que outros puderam usar a linguagem visual dos primeiros expressionistas para abordar questões difíceis sobre o passado da Alemanha nazista, o que sempre foi, ignorado por artistas de movimentos anteriores.
As memórias da guerra, as marcas deixadas pelo nazismo no país e a tematização de certa identidade nacional problemática são referências para Baselitz, Penck e Kiefer, ainda que os temas têm inflexões distintas, em cada um deles. Baselitz por exemplo, utiliza um amplio repertório de símbolos nas suas telas coloridas e viscosas.
A obra neo-expressionista caracteriza-se por aspectos técnicos e temáticos. O tratamento dos materiais a tendência da exploração táctil, sensual ou tosca e as emoções são expressas com vibração.
Nos EUA, Julian Schnabel, Eric Fischl, David Salle entre outros usaram a representação figurativa de muitas maneiras diferentes. Representaram cenas sinistras da vida nos bairros, pintaram sobre materiais pouco convencionais (veludo preto e louça de barro partida) fazendo também referências a obras variadas que iam de pinturas holandesas do século XVII aos desenhos animados de Walt Disney até ás obras expressionistas abstractas.
As obras de Julian Schnabel, por exemplo, combinam painéis, fotografias e símbolos religiosos, criando quadros vigorosos, pesados, que incorporam destroços flutuantes, cabedal de pele de pónei ou louça partida. Eric Fischl, nas suas telas, retrata os psicodramas, perturbadores, levemente pornográficos, dos moradores brancos dos ricos subúrbios das cidades, e dramatiza os perigos da vaidade e do conformismo, inerentes ao sonho americano.
O conformismo também é tema da artista britânica Jenny Saville. Os seus nus evocativos de Rubens, em que ela própria costuma servir de modelo, questionam os padrões de beleza e de “bom gosto”. Num período de aumento dos distúrbios alimentares, dietas prejudiciais e cirurgia plástica, suas telas, destacando-se como celebrações desafiadoras e nada convencionais do corpo humano.
A emergência do neo-expressionismo também proporcionou a oportunidade de reabilitar artistas de uma geração que há muito vinha trabalhando dentro de parâmetros expressionistas.
Os americanos Louise Bourgeois, Leon Golub, o francês Jean Rustin e o austríaco Arnulf Rainer, que passam a ser vistos como neo-expressionistas.
Os conceitos do neo-expressionismo também foram aplicados à escultores e à arquitectura. Edificações como a Ópera de Sidney (1956-74), projectada pelo dinamarquês Jorn Utzon e o Museu Guggenheim em Bilbao, na Espanha, projectado por Frank Gehry, também são descritos como neo-expressionistas.
A obra neo-expressionista recorre à história da pintura, da escultura e da arquitectura e emprega materiais e temas tradicionais. Assim, como a influência do expressionismo, do pós-impressionismo, do surrealismo, do expressionismo abstracto, da arte informal e da pop art.
References:
BASBAUM, Ricardo. “Pintura dos anos 80: algumas observações críticas”. In: Idem (org.). Arte contemporânea brasileira. Texturas, dicções, ficções, estratégias. Rio de Janeiro: Rios Ambiciosos, 2001
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NOGUEIRA, Isabel. Artes plásticas e crítica em Portugal nos anos 70 e 80: vanguarda e pós-modernismo. Imprensa da Universidade de Coimbra / Coimbra University Press, 2013
SCORTEGAGNA, Paulo Ernesto. Apostila de História da Arte III – Arte Moderna, Contemporânea e Pós-Moderna. Ijuí – Rio Grande do Sul. Net Copy, 2009