O conceito de separatismo refere-se à ideia de que as diferenças raciais, étnicas, culturais, religiosas, políticas e linguísticas, quando acompanhadas por um legado de opressão, exclusão, perseguição e discriminação, representam justificações para os grupos cessarem os laços políticos e legais com outros grupos. Geralmente, o objetivo último desta interrupção é o estabelecimento ou restabelecimento do controlo sobre um território específico de modo a se alcançar a soberania. A declaração separatista é habitualmente acompanhada por sentimentos intensos raiva, ira, mágoa e humilhação, o que é combustível para alimentar as chamas da revolta e da revolução. Acima de tudo, as asserções dos separatistas têm como premissa fundamental um desejo de fundar uma distância social impenetrável e uma barreira entre estes e outras coletividades, o estado, ou um território. Assim, podem ser distinguidos dois tipos de separatismo: o separatismo externo, e o separatismo interno.
O separatismo externo enraíza-se historicamente na expansão dos estados-nações. Consoante um estado-nação se expande e ascende a potência imperial, anexam amplas áreas que incluem pessoas, religiões e culturas, obviamente diversas. Este processo encontra-se em impérios antigos como o Romano, e em impérios de índole recente, como o Otomano, Russo, Austríaco, Espanhol, Português, Francês e Britânico, dos quais emergiram as nações-estado contemporâneas na Europa, Ásia, África, e no Médio-Oriente. Os impérios são criados quanto grandes potências políticas, económicas e militares travam guerras com unidades políticas distantes. A consequente conquista resulta frequentemente na anexação das nações, estados ou sociedades derrotadas, o que estende os limites políticos e militares da potência conquistadora. Esta anexação englobará diversos grupos raciais, étnicos e culturais.
O separatismo interno é o impulso separatista no seio de grupos que ocupam a mesma massa terrena, embora possam ocupar uma região da nação ou sociedade que é especial e reconhecida pela relação profundamente enraizada nas lendas, mitos e histórias. No separatismo interno, as relações entre os grupos divergentes alterna entre a harmonia e o conflito. As aspirações que conduzem a tais afirmações de individualização, derivam do facto de os grupos possuírem diferentes línguas, culturas e religiões. Mais crucial ao impulso separatista, no entanto, é o sentimento entre os grupos pequenos, frequentemente dominados, de discriminação, supressão, opressão e perseguição. Contrariamente aos países que com sucesso venceram guerras ou negociaram a sua liberdade, os separatistas internos têm usualmente pouco sucesso em tais empreendimentos, para não mencionar o facto de inúmeras entidades políticas se encontrarem a batalhar para assinarem a sua liberdade face a federações ou estados-nações a que pertencem. Entre este grupo encontramos, para mencionarmos alguns exemplos, as secções curdas do Iraque, Caxemira, o Tibete, províncias bascas, o sudoeste do Sudão, o saara espanhol, e o Quebeque.
O impulso separatista representa um enorme desafio para os estados-nações, especialmente os nações-estados democráticos, com diversas populações raciais, étnicas, religiosas e linguísticas. O principal desafio é a criação de instituições sociais e culturais com as ferramentas necessárias, para deste modo providenciarem oportunidades para os grupos participarem politicamente, e livremente engajarem em relações transculturais com comunidades vizinhas. Este teste implica a capacidade das nações democráticas combinarem e incorporarem pessoas e culturas divergentes. Se tal for possível, as sociedades livres e democráticas construiriam numa nova base cultural.
References:
Stone, J. & Dennis, R. M. (Eds.) (2003) Race and Ethnicity: Comparative and Theoretical Approaches. Blackwell, Malden, MA.