Dorsal Oceânica

A dorsal oceânica ou dorsal médio-oceânica é o relevo mais expressivo da superfície do planeta Terra, encontrando-se coberta pelas águas dos oceanos. Estudos indiretos, através de dados obtidos por navios à superfície, e observação direta, através de expedições efetuadas por submersíveis, permitiram caracterizar a estrutura da dorsal médio-oceânica. Estas expedições para a observação da dorsal oceânica iniciaram-se em 1974, com o submersível Alvin, no âmbito do projeto científico FAMOUS (de French-American Mid-Ocean Undersea Study), que envolveu investigadores americanos e franceses.

Longitudinalmente, a estrutura da dorsal médio-oceânica é, essencialmente, marcada pelo vale do rifte, com uma largura, aproximada, de 30 Km e uma profundidade de cerca de 2000 metros. Nenhuma cadeia montanhosa terrestre possui um vale deste tipo ao longo da sua crista. O vale do rifte está presente nos Oceanos Atlântico e Índico, e encontra-se ausente no Oceano Pacífico.

Os geólogos do projeto FAMOUS observaram, pela primeira vez, a existência de fraturas no interior do vale do rifte, alinhadas paralelamente ao seu eixo, cuja largura varia de pequenas fissuras a grandes fendas. Estas fissuras são, do ponto de vista geológico, falhas normais, ou seja, são falhas associadas a regimes tectónicos distensivos. No vale do rifte foram também observados basaltos recentes o que sugeriu a existência de atividade vulcânica recente. Este tipo de vulcanismo, associado aos ramos ascendentes das correntes de convecção, designa-se, por vulcanismo de vale de rifte e o magma que o origina terá origem na astenosfera.

A estrutura da dorsal é marcada pela existência de fraturas transversais ao eixo da própria dorsal. Nas zonas de fratura compreendidas entre dois segmentos do vale de rifte, verifica-se atividade sísmica superficial, em resultado dos seus blocos apresentarem movimentos opostos. Estas porções da zona de fratura com focos sísmicos associados designam-se falhas transformantes. De salientar que as porções da zona de fratura localizadas do mesmo lado da dorsal caracterizam-se por atividade sísmica fraca ou nula, dado a direção de movimentos desses blocos ser a mesma. As falhas transformantes podem estender-se por milhares de quilómetros nos fundos oceânicos, podendo mesmo atingir os continentes. É este fato que está na origem da designação transformantes, um vez que, algumas delas, terminam numa zona de subducção, ou seja, percorrendo algumas destas falhas, assiste-se à transformação de um processo de acreção num processo de subducção.

A dorsal médio-oceânica não é uma estrutura contínua, mas retalhada transversalmente por fraturas e falhas transformantes, apresentando por isso um aspecto bastante irregular. A análise da sua morfoestrutura, tanto a nível longitudinal, quer a nível transversal, apoia a existência de movimentos litosféricos horizontais, divergentes a partir do vale do rifte. Ao longo das falhas de distenção do rifte ocorre a libertação de magma. É o arrefecimento deste material rochoso que origina nova crusta oceânica. Este derrame, geralmente contínuo, obriga a um afastamento horizontal, de ambos os lados do vale do rifte, da crusta oceânica recém-formada, havendo por isso formação de fraturas transversais. O vale do rifte demarca um limite construtivo de placas litosféricas divergentes. Durante o trajeto de afastamento as placas envelhecem, existe um diminuição da temperatura, tornando-se mais espessas devido à acumulação de sedimentos. Deste modo, ao fim de milhares de anos, tornam-se tão densas que deixam de poder flutuar sobre a astenosfera. Inicia-se assim um processo de mergulho sob uma placa vizinha, de menor densidade, em direção ao manto. Durante este afundamento, devido ao atrito e às elevadas temperaturas, a velha placa é destruída por subducção. A expansão dos fundos oceânicos, que tem a sua génese no vale do rifte, é compensada pela sua destruição nas zonas de subducção.

Sondagens submarinas, realizadas através de vários projetos, permitiram conhecer a idade dos fundos oceânicos, através da datação dos sedimentos sobre eles depositados e, assim, estimar a taxa de expansão nos diversos ramos da dorsal-oceânica. A expansão dos fundos do oceano não é constante, a sua velocidade varia entre 1 a 20 cm por ano. A datação dos sedimentos oceânicos revela idades nunca superiores ao período Jurássico, ou seja, inferiores a 200 milhões de anos. Admiti-se deste modo que a abertura dos grandes oceanos não se iniciou antes desse período geológico. Desta forma, conclui-se que os oceanos são mais jovens que os continentes, onde se encontram rochas com 3000 milhões de anos.

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