Epistemologia em psicologia

A epistemologia em psicologia visa entender a relação entre o sujeito e o objeto de estudo, no que concerne à produção de conhecimento.

Epistemologia em psicologia

A epistemologia em psicologia visa entender a relação entre o sujeito e o objeto de estudo, no que concerne à produção de conhecimento.

De acordo com a revisão bibliográfica, a epistemologia em psicologia, pode ser vista do ângulo do positivismo, compreendendo o universo enquanto um todo perfeito (Madureira, & Branco, 2001).

A epistemologia positivista entende o conhecimento dentro de uma ótica que equaciona a relação entre o sujeito e o objeto a ser investigado, ou seja, o investigador enquanto alguém que estuda, tendo em conta o comportamento adotado aquando do seu estudo, e o objeto como um ser passivo que se “submete” aquilo para que está a ser utilizado, isto é, o seu estudo (Madureira, & Branco, 2001).

No entanto, González Rey (1997, cit in Madureira, & Branco, 2001) entende esta relação entre sujeito e objeto de estudo como um todo passivo, uma vez que ambos estão juntos na construção do conhecimento, com a diferença que o investigador é treinado durante o seu percurso académico para adquirir meios de acesso aos factos, e o objeto de estudo não tem essas ferramentas. Esta relação acaba por ser pautada em termos de sabedoria e poder já que um tem as ferramentas para chegar ao outro, o qual controla e trabalha (Madureira, & Branco, 2001).

Do ponto de vista positivista, a epistemologia permite-nos, então, compreender a diferença entre aquilo que é ciência daquilo que não o é pelo que, muitos estudiosos se questionam “por que discutir epistemologia se já sabemos de antemão o que é ciência?” (Maureira, & Branco, 2001).

Assim, o que se pretende, realmente, focar é, não a relação entre o sujeito e o objeto que lhe vai proporcionar conhecimento, mas sim, a validade e a qualidade desse mesmo conhecimento construído, segundo o tipo de informação colhida previamente (Madureira, & Branco, 2001).

Podemos observar, nesta conceptualização de conhecimento, a importância dos meios de chegar até à produção científica final em termos de qualidade epistemológica (Madireira, & Branco, 2001).

“A epistemologia qualitativa é um esforço na busca de formas diferentes de produção do conhecimento na Psicologia que permitam a criação teórica acerca da realidade plurideterminada, diferenciada, irregular, interativa e histórica, que representa a subjetividade humana” (González Rey, 1999, p.35, cit in Madureira, & Branco, 2001, p.4).

Isto significa que a epistemologia visa compreender a realidade, de acordo com o seus contornos dinâmicos, complexos e sistémicos com bases históricas e culturais, uma vez que todas estas questões são inerentes à condição do desenvolvimento humano (Madureira, & Branco, 2001).

A partir daqui, é necessário compreender o desenvolvimento humano numa ótica ambiental, já que todo o indivíduo, com as suas características, se insere em determinado contexto, o qual, se vai moldando e mudando longitudinalmente e é precisamente esta evolução que nos permite entender o ser humano como um todo (Madureira, & Branco, 2001).

Pode dizer-se, então, que o ser humano é feito de históricas produto da sua experiência, que não pode ser analisada de forma simples uma vez que toda ela parte de um pressuposto dinâmico de desenvolvimento (Madureira, & Branco, 2001).

Este dinamismo desenvolvimental a que associamos a epistemologia sujeito/objeto está associada a fatores como a linguagem, a relação entre capacidade cognitiva e afeto, a relação entre o indivíduo e a sociedade, ou seja, está completamente voltada para a psicologia do desenvolvimento (Madureira, & Branco, 2001).

Os pressupostos epistemológicos qualitativos no que diz respeito aos métodos de estudo utilizados devem ser analisados com base na experiência do investigador em termos empíricos e intuitivos e a teoria previamente reunida (Madureira, & Branco, 2001). Esta teoria à qual nos referimos, uma vez que deve ser assumida como teoria, é externa ao indivíduo pelo que é a ligação entre esta e o empirismo proveniente da experiência do mesmo que permite produzir ciência que possa ser validada (Madureira, & Branco, 2001).

Isto significa que o empirismo não assume a verdade absoluta dos factos, quando falamos de aquisição de conhecimento científico, mas sim, faz parte da pesquisa, sendo um dos momentos importantes da mesma, quando analisamos ambas as partes (empirismo e teoria), pelo que ambas têm o mesmo grau de importância (Madureira, & Branco, 2001).

Conclusão

Parece óbvio que a epistemologia em psicologia visa entender o estudo entre sujeito e objeto alvo de pesquisa, como um todo, uma vez que se verifica uma evidente relação ativa/passiva entre ambos. Não podemos deixar de referir ainda que esta relação se insere num determinado contexto que junta o conhecimento empírico e o conhecimento teórico, num todo que vai, na reta final, produzir ciência.

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References:

  • Madureira, Ana Flávia do Amaral e Branco, Angela Uchôa. Qualitative research and the psycholoy of human development: epistemological and methodological issues. Psicol. [online], 2001, vol.9, n.1 [citado 2016-07-31], pp.63-75. Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1413-389X2001000100007&script=sci_arttext&tlng=en.
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