Johannes Vermeer, pintor Barroco Holandês, que também é conhecido como Vermeer de Delft ou Johannes van der Meer. A vida e obra do pintor holandês Johannes Vermeer é uma verdadeira irónica. Enquanto sua vida e existência é um verdadeiro misterio obscuro, a sua obra emana a luz e brilho.
Nasceu em 1632 em Delft, onde viveu e trabalhou por toda a sua vida e onde morreu em 15 de Dezembro de 1675. A cidade de Delft era cosmopolita, com 25 mil habitantes, muitos artesãos e fábricas de louça e tapeçaria. Delft não só produzia objectos de decoração de luxo, como também era um grande mercado de arte.
Ao lado de Rembrandt é um dos pintores holandeses mais famosos e importantes do século XVII, período conhecido como a Idade de Ouro da Arte no país devido às suas relevantes conquistas culturais e artísticas.
Filho de um comerciante de arte seguiu a mesma carreira do pai. Dedicou-se à pintura, mas produziu poucas telas e sempre de maneira absolutamente autoral. Pintava apenas duas ou até três telas por ano.
Aos 21 anos inscreve-se como mestre na Guilda de São Lucas, a mais importante e a maior de Delft. Naquele tempo, da mesma forma como os artesãos e comerciantes, os pintores organizavam-se em guildas, que representavam uma espécie de sindicato.
Nas suas primeiras obras, como o quadro ‘A Leiteira’, Vermeer encontra um delicado equilíbrio entre os elementos composicionais e figurais, alcançando efeitos que provocam fortes sensações com a modelagem de formas em firmes pinceladas.
A sua aguda sensibilidade para os efeitos de luz e cor e o propósito de definir com exactidão as relações espaciais provavelmente encorajou Vermeer a experimentar a ‘câmara obscura’. Estudiosos da arte afirmam que ele usava este tipo de câmara para reproduzir uma imagem o mais fiel possível com a realidade na tela. Era uma espécie de antecedente da câmara fotográfica.
Tal teoria é aceite por muitos, porque se pode observar efeitos ópticos nos quadros de Vermeer, os quais só poderiam ser reproduzidos se o pintor realmente usasse este tipo de câmara de lentes. A sofisticação visual de Vermeer envolvia os seus quadros numa aura de mistério, tal e qual, como a sua vida.
A obra de Vermeer é caracterizada pela exploração da pintura de género, com paisagens urbanas, cheias de diversidade e variedade de assuntos quotidianos. Os temas morais, a valorização do trabalho e da actividade doméstica, o reconhecimento da vida quotidiana é por si mesma um valor.
Um exemplo disso é o quadro “The Little Street” (A Rua de Delft) de 1657. Onde Vermeer demonstra a sua preocupação em evitar a centralidade, utilizando um modelo de composição diferente onde as duas laterais aparecem cortadas pela margem real do quadro, como se fossem observadas por um transeunte casual, para marcar a diversidade que é própria da vida quotidiana, tal como, a atitude das mulheres, dedicadas às suas tarefas domésticas.
O resultado é uma imagem de serenidade que parece impossível de ser alterada, com as figuras planamente integradas. A consistência física, a materialidade e a temporalidade se estabelecem muito para além da composição geométrica, e, desta maneira, o mundo do dia-a-dia é, mais próximo de nós mesmos.
Outra das características da sua obra foi o seu extraordinário talento no jogo de luzes e sombras, destacando algumas partes do quadro com uma luminosidade que parecia dar vida própria à obra, com notável excelência ao utilizar a luz e personagens que estão recolhidos em si mesmos e não suspeitam estar sendo observados. Mantém suas figuras distantes criando uma atmosfera intimista e uma impressão de mistério, o que explica a importância de seu trabalho para o movimento impressionista que explodiria na Europa no século XIX.
Johannes Vermeer é considerado o segundo pintor mais importante do Barroco holandês, depois de Rembrandt, e provavelmente, foi o artista a deixar a mais pequena colecção de obras. Não há um número exacto de obras atribuídas a ele, mas especula-se que criou apenas 45 quadros, dos quais 35 telas ainda existem e são reconhecidas como autenticas obras de Johannes Vermeer.
Entre elas: “A Ruela” (1657/61), “A Leiteira” (1658/60), “Homem, Mulher e Vinho” (1958/61), “Moça com Copo de Vinho” (1659/60), “Vista de Delft” (1960/61), “Mulher com Jarro de Água” (1662/63), “Garota com Brinco de Pérola” (sua obra mais famosa e que está à mostra na Real Galeria de Arte Mauritshuis, em Haia), “Mulher com Colar de Pérolas” (1664), “Mulher Segurando Balança” (1665) e “Senhora Escrevendo Carta com sua Criada” (1670).
A sua obra é admirada, pelas suas cores e transparências, pelo brilhante uso da luz e sombra, e pelas suas composições inteligentes. Vermeer criou algumas das mais primorosas pinturas da arte universal.
Actualmente, a maior parte dos quadros Vermeer, encontram-se espalhados pelo mundo, em colecções públicas, na Holanda, só o Rijksmuseum de Amesterdão e o Mauritshuis de Haia possuem obras dele.
Embora Johannes Vermeer tenha produzido uma obra extremamente popular e valorizada em seu tempo, a sua obra foi subestimada durante toda a sua vida. A grandeza de Vermeer só foi reconhecida em 1866, quando o crítico francês Théophile Thoré a redescobriu em 1860.
Em 2003, Peter Webber dirigiu o filme “Girl with a Pearl Earring” (A Rapariga com Brinco de Pérola) em referencia a um dos mais famosos quadros de Vermeer, “Girl with a Pearl Earring c. 1665-1666” também conhecida como a Mona Lisa do Norte. A versão do cineasta tenta especular sobre a vida do pintor, que sempre foi e será como em seus quadros. Circundados de sombras e algumas luzes evidenciando um ponto crucial na própria existência.
A obra de Johannes Vermeer não tem preço, para qualquer amante de arte ou estudioso, representa, a perfeição da técnica, ele foi um visionário, o mestre da luz. Quem tem o privilégio de observar a sua obra de perto e descobrir o maravilhoso mundo e talento de Johannes Vermeer, não consegue ficar indiferente.
References:
ASEMISSEN, Hermann Ulrich. Jan Vermeer: el arte de pintar : un cuadro de los oficios. Galería abierta, Siglo XXI, 1994
HUERTA, Robert D. Giants of Delft: Johannes Vermeer and the Natural Philosophers : the Parallel Search for Knowledge During the Age of Discovery. Bucknell University Press, 2003
MUÑOZ, Alicia Cámara, CARRIÓ-INVERNIZZI, Diana. Historia del arte de los siglos XVII y XVIII: Redes y circulación de modelos artísticos. Editorial Universitaria Ramon Areces, 2015
SLIVE, Seymour. Pintura Holandesa: 1600-1800. Cosac & Naify. São Paulo, 1998
SNYDER, Laura J. Eye of the Beholder: Johannes Vermeer, Antoni van Leeuwenhoek, and the Reinvention of Seeing. W. W. Norton & Company, 2015
VERGARA, Lisa. Perspective on Women in Art of Vermeer. The Cambridge Companin to Vermeer, edited by Wayne Frantis. Cambridge: Cambridge UP, 2001