Para Além do Princípio do Prazer
Publicado em 1920, Para Além do Principio do Prazer, é tido como uma grande reorganização teórica fundamental na teoria psicanalítica. A propósito de um episódio do seu próprio neto Ernstl, filho de Sophie Halberstadt, S. Freud teorizou sobre o sistema prazer – desprazer.
A brincadeira consistia em atirar um carrinho de linhas para longe do seu corpo, pronunciando um ó-ó-ó prolongado seguido de um fora (fort) e depois puxava o carrinho até à sua mão e expressava com grande alegria o reencontro novamente. Em síntese, S. Freud argumentou esta brincadeira como uma tradução do menino em relação à ausência da mãe, a qual não podia fazer nada, contudo através do jogo, podia expressar primeiro, os seus sentimentos hostis e inconfessáveis, de vingança, pelo desprazer de ver o carrinho longe e depois a alegria de o poder ver na sua mãe, controlando, desta forma, a brincadeira e por consequência os seus sentimentos.
O autor afirma que a criança que era passiva em receber o sofrimento pela ausência da mãe passava a ativa e no controlo da situação, por mais desprazer que isso lhe causasse.
Há pois uma dimensão conservadora no psiquismo humano para voltar ao estado anterior aquele que lhe causou sofrimento. Esta teorização levou também às argumentações sobre as vivências traumáticas dos indivíduos que voltavam da guerra em particular, e das situações traumáticas em geral, abordando o tema da repetição, muito importante em Psicanálise.
Segundo S. Freud, há uma grande tendência do psiquismo para o prazer ao qual se contrapõe o princípio da realidade – substituto do prazer sob a influência das pulsões de autoconservação. Existe igualmente uma segunda inibição ao princípio do prazer que é o recalcamento das pulsões, contrariando assim o desenvolvimento unitário do ego. Esta obra também foi considerada de grande importância para a ciência psicológica e para a psicanálise.