Estrutura Social

O termo estrutura social denota um padrão mais ou menos constante no que toca à composição de uma sociedade, grupo ou organização particular.

O termo estrutura social denota um padrão mais ou menos constante no que toca à composição de uma sociedade, grupo ou organização particular. Não obstante, apesar do amplo uso deste conceito, não existe na sociologia entre outras disciplinas relacionadas, um consenso unívoco sobre a noção de estrutura social. A primeira tentativa teórica de sistematização conceptual partiu do antropólogo social francês, Claude Lévi-Strauss, que nas suas obras principais tentou descodificar as regras universais subjacentes às atividades e costumes presentes nos diferentes sistemas culturais. No entanto, no que diz respeito à sociologia, o termo tem sido empregue de vários modos, isto é, segundo a abordagem teórica que se apodera do conceito. Por exemplo, num dos mais precoces usos do termo, Herbert Spencer relacionou a “estrutura social” com a crescente diferenciação e especialização do organismo biológico que seria a sociedade em evolução.

Em termos históricos, as teorias sociológicas que exploraram o conceito de estrutura social associam-se geralmente com as perspetivas macro ou micro, orientadas para a compreensão da natureza da ordem social; e tal destino é antitético à abordagem definida pelo diapasão da ação social, que procura o significado e a motivação da agência humana. A análise da estrutura social tende a ser identificada com duas escolas de pensamento: em primeiro lugar, é associada às especulações teóricas de estruturalistas-funcionalistas como Talcott Parsons, para quem o maior problema da sociologia era a explicação da possibilidade da vida social. Segundo Parsons, a resposta residiria no estabelecimento de um certo grau de ordem e estabilidade, essencial à sobrevivência do sistema social: a peça-chave era constituída pelos valores culturais; e o consenso no plano dos valores disponibiliza os fundamentos para a cooperação, uma vez que valores comuns produzem objetivos comuns. Este sistema de valores permeia as estruturas sociais que, no esquema de Parsons, constituem um sistema de pré-requisitos funcionais compartimentado em quatro, o qual dará acesso aos arranjos universais que são a adaptação, a concretização de objetivos, a integração, e a preservação do padrão. Na teoria estruturalista parsoniana, a noção de estrutura social também implica que o comportamento humano e as relações sejam, de um modo ou de outro, “estruturadas”, particularmente em termos de regras, estatutos sociais, papéis e valores normativos. Assim, o comportamento social e as relações são padronizadas, e como tal, recorrentes. Segue desta ideia que a estrutura da sociedade pode ser compreendida como a soma total do comportamento normativo, assim como das relações sociais governadas por normas.

Embora popular nas escolas sociológicas da américa do Norte durante algum tempo, a estrutura social, tal como foi exposta pelo estrutural-funcionalismo, sofreu grandes revisões desde finais de 1960, sobretudo a aparente teleologia implicada e analogia biológica. Umas dessas observações expôs que as estruturas sociais não apresentam limites identificáveis, tal como estes existem nos organismos biológicos, nem possuem os processos homeostáticos precisos e identificáveis das estruturas orgânicas.

Particularmente na Europa ocidental, o funcionalismo rivalizou longamente com as escolas marxistas e estruturalistas. O próprio Marx considerou a importância daquilo que identificou como as duas dimensões da estrutura social: a pujante subestrutura económica (ou base), que determina em grande media a superestrutura social. Por sua vez, o núcleo duro de intérpretes do pensamento marxista veio a atribuir ao materialismo histórico e dialético, a sedimentação das estruturas sociais concomitantes à base económica. Nesta elucidação, a superestrutura social foi transformada em estruturas sociais que reforçavam a submissão e exploração do operariado.

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References:

Lévi-Strauss, C. (1967) The Scope of Anthropology. Cape, London.

Parsons, T. (1951) The Social System. Free Press, New York.

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