Conceito de Relação Terapêutica
Em qualquer terapia há uma relação entre duas pessoas, em que nesta relação o psicólogo compromete o seu saber adquirido através da formação a ajudar a outra pessoa a orientar-se e a desenvolver a sua confiança. Assim, a relação terapêutica constrói-se como todas as outras relações humanas – na base da confiança mútua, receptividade, compreensão e apoio sem juízos de valor nem julgamentos. Pretende-se com esta relação que a pessoa alargue o seu campo de visão e compreenda a vida mediante outras perspectivas e consiga analisar e compreender as circunstâncias da vida e assim crescer a nível pessoal. Face a isto, a relação terapêutica resulta da conjugação de vários factores sendo um dos mais importantes a empatia, ou seja, a capacidade de compreender os sentimentos, os pensamentos e as atitudes dos outros e dar a entender ao outro que o compreendemos e aceitamos. Um outro factor predominante na relação terapêutica é a inteligência emocional que engloba a capacidade de identificar os nossos próprios sentimentos e os dos outros e de gerir bem esses sentimentos dentro de nós e nos nossos relacionamentos com os outros. A relação terapêutica contempla ainda a capacidade de entender o outro na sua linguagem verbal e não-verbal, nas suas expectativas, no seu contexto vivencial e nos seus receios. Um outro aspecto determinante na relação terapêutica é a comunicação. Uma boa comunicação permite obter mais facilmente o consentimento informado, obter resultados terapêuticos mais positivos, obter maiores níveis de satisfação do cliente e níveis mais elevados de adesão à terapia. Este tipo de comunicação pode ser verbal e não-verbal, sendo que a não-verbal pode ser usada como complemento à verbal e os gestos e movimentos corporais usados deverão estar de acordo com aquilo que é falado para criar um clima de confiança e estabilidade no paciente. Por outro lado, estar atento aquilo que o paciente não diz, ou seja, aquilo que ele expressão através da comunicação não-verbal também e muito importante. Na relação terapêutica deverá ainda usar-se a escuta activa, a comunicação calma e objectiva e evitar por parte do terapeuta usar respostas emocionais. Outro factor que é dos mais importantes no estabelecimento da relação terapêutica é a competência do terapeuta, isto é, a capacidade de se relacionar com o paciente, de ser fiel ao tratamento e à relação estabelecida.
Em suma, sabe-se que o estabelecimento deste tipo de relação é crucial na terapia e é tao ou mais importante que outra técnica terapêutica usada, na medida em que se não houver uma relação terapêutica bem estabelecida não há sucesso na terapia e o paciente desiste. São vários os autores que estudam a importância da relação terapêutica, no entanto, todos a consideram como uma variável preditora de resultados terapêuticos independentemente da abordagem que se usa.
Face a isto, sabe-se que a relação terapêutica funciona em três fases: estabelecer, desenvolver e manter a relação. Assim, deverá ser estabelecida o mais precocemente possível e deverá ser trabalhada ao longo da terapia de modo a que se consiga manter até ao final para que não haja desistências e haja maiores progressos e maior sucesso terapêutico.