RUTH BENEDICT
PATTERNS OF CULTURE
Benedict, Ruth (1983) – Os Padrões de Cultura, Editora Livros do Brasil.
Neste seu livro a autora descreve, com vívidos pormenores, três sociedades primitivas:
- Os índios Pueblo – Zuñi – do sudoeste;
- O povo da ilha de Dobu, no Pacífico;
- Os índios Kwakiutl da costa noroeste da América.
Os índios Pueblo são retratados como uma sociedade pacífica e cooperativa, onde ninguém quer ser considerado um grande homem e todos desejam ser considerados bons sujeitos. As relações sexuais provocam pouco ciúme ou outra reacção violenta; a infidelidade não é punida severamente. A morte também é abordada calmamente, com pouca emoção violenta; em geral, a emoção é reprimida. Ao mesmo tempo em que há variações consideráveis no status económico, há pouca exibição de poder económico e ainda menos de poder político; há espírito de cooperação com a família e a comunidade.
Em contraste, os Dobu são apresentados como sendo virtualmente uma sociedade de paranóicos, na qual a mão de cada homem se ergue contra a do seu vizinho, na feitiçaria, roubo ou ofensa; na qual o marido e mulher se alternam como cativos de parentes do cônjuge, e onde a infidelidade é profundamente sentida. A vida económica dobuana fundamenta-se em práticas desonestas de comércio inter-insular, no intenso sentimento dos direitos de propriedade e na esperança de conseguir algo em troca de nada, através do roubo, da magia e da fraude.
A terceira sociedade, a Kwakiutl, também é intensamente competitiva. A rivalidade, porém, consiste primariamente em consumo conspícuo (notável e exagerado), tipificado por festas chamadas de “potlatches”, nas quais os chefes se excedem uns aos outros na provisão de alimentos e na queima de cobertores e folhas de cobre que são os principais indicadores de riqueza na sociedade; às vezes, até mesmo uma casa ou uma canoa é consumida pelas chamas num lance final pela glória. Na verdade, a sociedade é uma caricatura do consumo exagerado apresentado por Veblen; certamente os “potlatches” dos chefes Kwakiutl servem de “canal legítimo por meio do qual o produto excedente da comunidade é escoado e consumido, para o maior conforto espiritual de todas as partes interessadas”.