Introdução
O uso do conceito de distância social deve traçar-se até à discussão sobre o “estrangeiro” de Georg Simmel na obra Soziologie (1923). De acordo com Simmel, o “estrangeiro” representa a união da novidade e vaguidade consoante se desloca de um círculo social para outro círculo. Robert Park (1924) popularizou o conceito de distância social como as categorias e graus de compreensão e intimidade que caracterizam relações pessoais e sociais. Assim, a distância social é baseada em normas sociais que diferenciam indivíduos e grupos, segundo a “raça”/etnicidade, idade, sexo, classe social, religião e nacionalidade. Quanto maior a distância social entre indivíduos e grupos, em grau menor se influenciarão mutuamente.
História
Foi Emory Bogardus (1925) a primeira pessoa a operar e a medir a distância social ao pedir a mais de 200 participantes a disponibilidade destes para admitirem membros de 39 grupos raciais e étnicos diferentes, e tratarem-nos nos seguintes moldes relacionais: parentesco próximo por casamento, membros de um mesmo clube, vizinhos, trabalhadores com um mesmo posto, cidadãos do mesmo país, visitantes, e pessoas excluídas do país. A escala de distância social Bogardus é em grande medida sinónimo do conceito atual A escala é unidimensional e cumulativa, assumindo que no mais alto nível de aceitação o inquirido admitiria membros de um designado grupo, e o inverso aconteceria no mais baixo nível de aceitação. Embora os cientistas sociais tenham aplicado variações à escala de distância a partir dos últimos três quartos do século XX no que toca às classes sociais, grupos religiosos e ocupacionais, entre outros, a escala tem-se revelado uma medida fiável do nível de aceitação de um grupo racial e étnico por parte de outro grupo. Existem, contudo, questões sobre a possibilidade de esta escala medir o estatuto dos grupos e a intimidade social.
Na senda do pensamento de Bogardus, a proximidade social origina-se a partir de experiência sociais favoráveis, ao passo que a distância conhece a sua génese em experiências sociais desfavoráveis. É claro que existe, naturalmente, uma circularidade nesta lógica: a aceitação de membros de outro grupo deve-se muito provavelmente às experiências abonatórias que possivelmente originam a proximidade social em oposição à distância social. O conceito de distância social subsume as características individuais nas características gerais do grupo social. Assim, a distância social ou a proximidade social originam tanto uma falta de conhecimento, que resulta em prejuízos e preconceitos sobre dado grupo em questão, ou o conhecimento de que o grupo difere de modos identificáveis, tal como na aparência, crença e comportamento: tanto a ignorância como o conhecimento das diferenças são fontes potenciais onde o conflito tem origem.
Poole (1927) foi o primeiro a distinguir entre distância social e distância pessoal, oferecendo desse modo uma explicação do como os indivíduos se podem tornar em “exceções” no seio do próprio grupo social. Entende-se à luz desta divisão que a distância social é ditava pelas normas sociais, ao passo que a distância social que se evidencia entre conhecidos, amigos e amados, é limitada pela possibilidade de associação entre indivíduos ou indivíduos, e grupos. Ou seja, ainda que a distância social ou pessoal possa não explanar o conflito, ambas podem fornecer relatos importantíssimos quanto à confusão e ignorância que possibilita o antagonismo interpessoal e intergrupal, assim como outros problemas sociais.
References:
Bogardus, E. S. (1925) Measuring Social Distance. Journal of Applied Sociology 9: 299 308.
Park, R. E. (1924) The Concept of Social Distance. Journal of Applied Sociology 8: 339 44.