O Modelo de Mercado é um modelo desenvolvido por Sharpe em 1963 que relaciona linearmente a rendibilidade de um determinado ativo financeiro com a rendibilidade do mercado, observando-se as especificações de linearidade. Serve assim para calcular a rendibilidade normal estimada. É um modelo de regressão linear simples entre a rendibilidade das ações da empresa (variável dependente) e a rendibilidade do mercado (variável independente). O declive da regressão corresponde ao beta da ação e mede o risco da ação. Consiste assim em estimar a rendibilidade anormal pela diferença entre a rendibilidade efetiva e a rendibilidade esperada, centrando-se na anormalidade da rendibilidade das ações em torno da data do anúncio do evento.
Eventos
A metodologia do estudo de eventos é um método que se centra na anormalidade da rendibilidade das ações em torno da data do anúncio de um evento. Um efeito que tem sido amplamente estudado é o efeito dos anúncios de dividendos na literatura financeira.
Relação rendibilidade/risco
A relação entre risco e rendibilidade é um dos assuntos mais importantes e complexos a nível das finanças empresariais. Embora seja ponto assente que quanto maior for o risco maior será a rendibilidade exigida pelos potenciais investidores, há muitos aspetos envolvidos neste tipo de análise que se mostram de difícil mensuração e avaliação. Desde logo se coloca a questão da medida do risco dos ativos, designadamente dos títulos transacionados nos mercados de valores mobiliários.
Paralelamente, entra na análise, entre outros aspetos importantes, o perfil de risco dos investidores.
Os investidores não podem esperar que o mercado os compense pelo risco que eles podem eliminar através da diversificação, porque os ativos podem ser combinados em carteiras para eliminar o risco específico. Somente o risco sistemático constitui um problema pois afeta todas as empresas e títulos em geral.
Pressupostos em que assenta o modelo de mercado
- Os investidores são racionais e estão dispostos a aceitar taxas de rendibilidade esperadas como medidas de compensação do risco;
- Os investidores têm expectativas homogéneas sobre o risco e o rendimento, bem como, sobre as variáveis necessárias à decisão de investimento: rendimento esperado, variância dos rendimentos e matriz de covariâncias entre os ativos;
- Os investidores são avessos ao risco, ou seja, desejam que este seja o mínimo possíve
- Os investidores têm horizontes temporais de investimento idênticos. Todos os investidores criam carteiras considerando a riqueza que obterão num único período. No entanto, na realidade, o mercado é segmentado e poderemos encontrar investidores com horizontes temporais totalmente divergentes.
- A informação está igualmente disponível para todos os investidores sem custos significativos.
- Não há custos de transação, nem impostos, nem restrições de vendas a descoberto;
- Todos os ativos são transacionáveis e divisíveis;
- O mercado de capitais é um mercado de concorrência perfeita, onde nenhum investidor pode influenciar os preços dos ativos através da sua ação individual de compra e/ou venda.
Procedimento de Estimação
O período utilizado para o cálculo do parâmetro beta e a estimação da rendibilidade normal, via Modelo de Mercado, não incluiu os períodos do evento (janela de evento), pois, caso existisse a sobreposição do período de estimação e da janela do evento, incorrer-se-ia o risco de o evento influenciar as rendibilidades normais.
O coeficiente beta é a medida sintética da sensibilidade (volatilidade) da rendibilidade de um investimento às variações do mercado. A um beta igual a 0.5 significa que uma variação de 1% na rendibilidade de mercado implica uma variação de 0.5% na rendibilidade do ativo. Se beta for igual a 1, significa que a rendibilidade
desse ativo sobe ou desce os mesmos pontos percentuais do mercado. Assim, quando maior for o valor do coeficiente beta, mais arriscado é o ativo.
References:
Silva, Miguel (2013). Bolsa – Investir nos Mercados Financeiros. 1ª Ed. Lisboa: Bookout.