O que é a Crise Subprime
Crise do Subprime é a designação pela qual que ficou conhecida a crise financeira do crédito hipotecário de alto risco desencadeada nos Estados Unidos em julho de 2007. Esta crise financeira, que começou no setor de compra e venda de títulos hipotecários sobre imóveis residenciais nos EUA, acabou se transformar numa grave crise financeira de grandes proporções para toda economia norte-americana e que acabou por se espalhar um pouco por todo o mundo. De facto, devido à forte interação da economia norte-americana com as economias do resto do mundo, a escalada da crise financeira ganhou uma dimensão mundial contagiando os países desenvolvidos e em desenvolvimento numa espécie de ‘efeito dominó’. Assim sendo, viveu-se numa crise financeira global semelhante ao estado de depressão económica dos anos 30.
O papel da especulação
A crise do subprime resultou da excessiva especulação financeira sobre ativos de alto risco, maioritariamente associados a ativos imobiliários, que foram financiados por empréstimos bancários. Este empréstimos bancários de alto risco (que além de empréstimos hipotecários à compra de casas residenciais, incluíam também compras de carros por meio de cartões de crédito) foram concedidos a clientes, sem comprovar os seus rendimentos e sem análise de histórico de comportamento sobre créditos anteriores. As taxas de juros eram pós-fixadas, isto é, eram determinadas no momento do pagamento das dívidas e não no momento da negociação do empréstimo. Por esta razão, com o aumento das taxa de juros nos EUA, muitos devedores ficaram sem condições para pagar as suas dívidas junto dos bancos comerciais que, por sua vez, entraram em dificuldades ou mesmo em estado de falência.
Características da Crise do Subprime
Esta crise teve características extremamente complexas quer foram além das explicações comuns que apontavam apenas para falhas de gestão do sistema financeiro. De facto, nem o excesso de liquidez resultante da política monetária expansionista do FeD, nem a teoria da abundância da poupança global, e nem mesmo a da má conduta dos indivíduos são suficientes para explicar, de forma individual ou combinada, a quase-rutura completa do sistema financeiro internacional. Na verdade, os empréstimos apenas poderiam ser pagos num cenário de manutenção dos preços altos das habitações, de continuação do crescimento económico e de manutenção de baixas taxas de juro. Quando tais pressupostos deixaram de ser verdadeiros, muitos devedores foram levados ao incumprimento, e os bancos credores sofreram gigantescas perdas financeiras.
Cronologia da Crise do Subprime
O eclodir da crise pode ser situado em julho de 2007 com a acentuada quebra do Dow Jones, o principal índice bolsista dos Estados Unidos, numa altura em que já se faziam sentir os primeiros sinais de uma bolha imobiliária sem precedentes. Um dos primeiros sinais foi dado com a falência, em abril de 2007, da New Century Financial Corporation, o segundo maior credor de hipotecas do tipo subprime dos EUA. Ao longo do segundo semestre deste mesmo ano, os mercados financeiros foram, em dois momentos diferentes, surpreendidos por notícias de que as perdas relacionadas ao financiamento de imóveis nos EUA eram muito elevadas. Rapidamente perdeu-se a confiança no sistema financeiro, levando a uma crise de liquidez sem precedentes.
O auge da crise é atingido em agosto e setembro de 2008, com a declaração de falência e posterior nacionalização dos dois gigantes do mercado de empréstimos pessoais e hipotecas: a Federal National Mortgage Association (FNMA), conhecida como Fannie Mae, e a Federal Home Loan Mortgage Corporation (FHLMC), conhecida como Freddie Mac. Logo depois, a 15 de setembro, veio o pedido de falência do tradicional banco de investimentos Lehman Brothers, com mais de 150 anos de história e um dos pilares financeiros de Wall Street. Segue-se a venda, ao Bank of America, da corretora Merrill Lynch, uma das maiores do mundo. A 16 de setembro, as ações da American International Group Inc. (AIG), a maior empresa seguradora dos Estados Unidos, caíram 60% na abertura do mercado. A cascata de falências continuou nas semanas seguintes, arrastando o índice bolsista norte americano para valores apenas vistos logo após os atentados de 11 de setembro.