Indução Analítica

Originalmente associada ao trabalho de Florian Znaniecki (1934), a indução analítica é uma estratégia interpretativa que procura explicações universais para determinadas questões.

Originalmente associada ao trabalho de Florian Znaniecki (1934), a indução analítica é uma estratégia interpretativa que procura explicações universais para determinadas questões. A indução analítica envolve um processo onde são geradas e testadas hipóteses contra cada caso sucessivo do fenómeno. A característica decisiva é a análise do caso excecional ou negativo, porque este colide com as hipóteses trabalhadas (Buhler Niederberger 1985). Acrescente-se que na indução analítica, o investigador é direcionado a formular generalizações processuais que se aplicarão a todas as instâncias do problema. Por conseguinte, a indução analítica diferencia-se de todas as outras formas de análise causal.

Descrição da Indução Analítica

Estrategicamente, a indução analítica representa uma aproximação do modelo experimental até à extensão que lida com comparações explícitas que são elaboradas em grupos que não estão expostos aos fatores causais sob análise. Conceptualmente, isto representa o desígnio experimental clássico “antes/depois”, e quando empregue no campo metodológico, apela a que o investigador procure instâncias empíricas que neguem as hipóteses causais. Esta estratégia geral, que combina o método naquilo que concorda e discorda, envolve os seguintes passos: (1) uma definição preliminar do fenómeno a ser explicado; (2) a formulação de uma explicação hipotética do fenómeno; (3) um caso é estudado à luz das hipóteses, com o objetivo de se determinar se a hipótese se enquadra nos factos ou não; (4) se a hipótese não se encaixar nos factos, a hipótese é reformulada ou o fenómeno a explicar é redefinido; (5) a certeza prática pode ser alcançada após um pequeno número de casos terem sido explicados, mas a descoberta de casos negativos desaprova a explicação e requer nova reformulação; (6) persiste-se neste procedimento de exame de casos, redefinição de fenómenos, e reformulação de hipóteses, até que uma explicação universal seja estabelecida.

A pesquisa de Alfred Lindesmith (1947, 1968) em torno da adição opiácea providenciou uma ilustração deste método. O centro nevrálgico da investigação foi o desenvolvimento de uma teoria sociológica para a adição opiácea: assim, começou pela tentadora hipótese de que os indivíduos que desconhecessem dada droga que consumiam, não se tornariam viciados; inversamente, previu que os sujeitos que soubessem o que estavam a consumir, se tornariam viciados, ao ponto do consumo prolongar-se de modo a provocar sintomas de abstinência no caso de privação opiácea.

Esta hipótese foi destruída quando um dos primeiros toxicodependentes foi entrevistado, uma vez que este revelou ter recebido morfina durante várias semanas, estando ciente do facto, mas sem se tornar dependente no início. Assim, este caso negativo forçou Lindesmith (1947: 8) a reformular a hipótese inicial, sendo que o argumento se adaptou à ideia que os sujeitos passam a depender de uma droga quando reconhecem ou se apercebem da significância sintomática da abstinência, sendo que caso não reconheçam esses mesmos sintomas, não se tornam viciados.

Com uma nova explicação, a tese de Lindesmith tornou-se mais poderosa, mas novamente, evidências negativas forçaram a revisão da tese: neste caso, observaram-se pessoas que experienciaram e compreenderam os sintomas relacionados com a abstinência, mas não de modo severo; por outro lado, estes indivíduos não usavam a droga para aliviar a ansiedade nem se tornaram toxicodependentes.

A causação final de Lindesmith (1947: 8) envolveu uma mudança tal, que a vantagem de se atribuir a causa da adição a um evento singular perdeu toda a força, uma vez que neste problema existe uma complexa cadeia de eventos. Posteriormente, toda a evidência suportaria inequivocamente esta teoria, e Lindesmith (1947: 165) concluiu que a sua teoria fornecia uma explicação não só simples, mas também eficiente; não só sobre o como a adição se manifesta, mas também quais as manifestações essenciais do fenómeno.

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References:

Lindesmith, A. (1947) Opiate Addiction. Principia Press, Bloomington.

Lindesmith, A. (1968) Addiction and Opiates. Aldine, Chicago.

Znaniecki, F. (1934) The Method of Sociology. Farar & Rinehart, New York.

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