Conceito de Bilingualismo
Uriel Weinreich, na obra Languages in Contact (1953) definiu o bilingualismo como a habilidade de um sujeito em utilizar alternadamente duas línguas.
São comuns os casos de bilingualismo no mundo, e tal fenómeno atribui-se aos seguintes contextos de contacto entre duas ou mais línguas:
- colonização, ou seja, a imposição de uma língua diferente da língua nativa;
- a residência em países oficialmente bilingues (por exemplo, o Canadá, onde o Inglês e o Francês são as línguas oficiais);
- crescer numa casa onde se falem duas línguas no mínimo;
- casos de migração para uma nova sociedade, onde os imigrantes aprendem a língua dominante, não obstante o facto de usarem a língua nativa.
Assim posto, o bilingualismo ocorre não só ao nível individual, como também no plano social, podendo ser examinado com o recurso de várias lentes disciplinares. Por exempo, o bilingualismo individual pode ser avaliado através de disciplinas como a neuropsicologia, a psicologia cognitiva ou a psicolinguística. Quanto ao bilingualismo social, costuma ser estudado por pesquisadores que representam disciplinas como a sociologia, sociologia da linguagem, sociolinguística e antropologia.
No nível individual, o foco do estudo centra-se no como um indivíduo adquire uma segunda língua, tornando-se bilingue. Um falante pode, em várias fases da sua vida, adquirir duas línguas em diversos contextos de aprendizagem tal como em casa, na escola ou no trabalho. Os fatores que influenciam a aquisição de uma segunda língua incluem a idade do sujeito, a sua habilidade e inteligência, a literacia acumulada, as atitudes e a personalidade. Adicionalmente, como a aquisição de uma segunda linguagem representa um processo de socialização, o acesso a falantes dessa língua pode determinar em alguns casos, o sucesso da aquisição de uma segunda língua.
A aquisição de uma segunda linguagem pode ser adversamente afetada quando o aprendiz experiencia a distância social (falta de oportunidades para interagir com falantes nativos da língua a adquirir), ou quando se sentem psicologicamente distantes dos falantes da língua em questão e da cultura. O processo à luz do qual os falantes adquirem uma segunda língua varia consideravelmente: por exemplo, um aprendiz pode adquirir duas línguas concomitantemente ou sequencialmente.
São raros os bilingues que são igualmente proficientes em ambas as línguas, uma vez que cada língua é tipicamente usada em diferentes contextos para diferentes propósitos e funções. Adicionalmente, a aptidão do indivíduo no uso das línguas pode não permanecer constante durante o tempo. Para além disso, o termo bilingualismo é por vezes ambíguo, uma vez que não especifica o nível de proficiência de um falante, o que é um requisito essencial para alguém se afirmar como bilingue. Variando a capacidade uma pessoa utilizar duas línguas, em vez de ser bilingue, será antes semilingue, que como classificação, acaba por ser pejorativa, uma vez que assinala o amadorismo no uso de uma língua no mínimo.
O bilingualismo é também usado na descrição da aplicação de duas línguas no nível social. A sociolinguística é uma disciplina principal no estudo do bilingualismo social. Esta perspetiva disciplinar aponta a insuficiência da tendência de alguns estudos recorrerem somente a explicações fisiológicas e psicológicas na compreensão do bilingualismo, sublinhando a importância do estudo da interação entre o uso de uma língua e a organização social. No contexto desta disciplina, têm sido desenvolvidas investigações sobre a dimensão política e ideológica associada ao bilingualismo, de modo a que se possa desenvolver uma teoria linguística compreensiva que explore a relação complexa entre a língua, a ideologia e a organização social, e as respetivas implicações na resolução de problemas educacionais urgentes das minorias linguísticas e oprimidos.
References:
Fishman, J.A. (1972) The Sociology of Language: Na Interdisciplinary Social Science Approach to Language in Society. Newbury Press, Rowlye, MA.
Hakuta, K. (1986) Mirror of Language: The Debate on Bilingualism. Basic Books, New York.
Macedo, D., Dendrinos, B., & Gourani, P. (2004) The Hegemony of English. Paradigm Press, Boulder, CO.