Abu Amir Muhammad ibn Abdullah ibn Abi Amir al-Hajib al-Mansur, mais conhecido como Almançor nasceu em 938 e viveu até 1002. A sua governação marcou o zénite do poder omíada e muçulmano no Al-Andalus, demolição islâmica para a Península Ibérica.
Após a invasão em 711 da Península Ibérica por parte dos muçulmanos, estes foram gradualmente cimentando o seu poder na região, no século X e inícios do XI, a sua influência passou pela fase mais visível, foi nesta época que Almançor governou esta região que compreendia boa parte do Califado Omíada de Córdova.
Em 978 tornou-se hájibe, governante e representante do Califa em determinado território, neste casa no Al-Andalus, ao expulsar da região o anterior regente al-Mushafi, através da sua popularidade e pragmatismo entre os muçulmanos da Península.
Após auxiliar o Califa e a restante família, de uma conspiração para os depor, ganhou o respeito da dinastia, e foram-lhe concedidos poderes similares aos do Califa. Esta elevação política de Almançor provocou o descontentamento entre os seus opositores, culminado numa batalha em que Almançor sairia vitorioso.
Gradualmente através de uma política de eliminação da oposição foi construindo e expandindo a seu poder na Península. Para tal e de forma a controlar a crescente oposição contra si, começou a contratar estrangeiros, essencialmente Berberes, para servirem no seu exército, protegendo-o contra a contestação árabe e a norte contra os cristãos. A população não concordava com a presença militar estrangeira, mas esta servia os propósitos de Almançor, que desta feita tinha uma força que respondia apenas a si e que por ser contestada pela população local nunca o iria trair, acabou por ser uma jogada de génio de forma a fixar e consolidar o poder.
A influência omíada estendia-se até o Norte de África, não de uma forma directa, mas com uma política de aliança com as dinastias locais Berberes, embora com algumas campanhas militares, Córdova não exercia uma influência efectiva neste espaço, procurava controlar essencialmente as cidades costeiras que serviam como porta de entrada e saída dos bens mercantis provenientes das rotas comerciais do Deserto do Saará.
Outro aspecto central da governação de Almançor foram as campanhas militares a norte contra os cristãos, que visavam a afirmação do poder do califado. Numa dessas campanhas saqueou a cidade de Santiago de Compostela, destruiu a Igreja edificada no tempo do Império Romano mas preservou o túmulo de Santiago, permitindo a continuação das peregrinações a partir dos Caminhos de Santiago.
Almançor viria a falecer em Agosto de 1022 em dia que a historiografia não consegue precisar, vítima dos ferimentos sofridos na Batalha de Calatañazor, numa das campanhas contra os cristãos.
Apesar dos seus esforços, algumas décadas depois a unidade do Califado iria desfragmentar-se em pequenos Reinos Taifas, que iriam facilitar o processo de reconquista dos reinos cristãos, que gradualmente foram recuperando territórios ao longo dos séculos seguintes. A governação de Almançor marcou o ponto alto da influência mourisca no al-Andalus e de certa forma potenciou as circunstâncias políticas para o seu declínio, com as lutas pela sucessão após a sua morte.
References:
MARQUES, A. H. de Oliveira e outros; Nova História de Portugal, vol II, Portugal. Das Invasões Germânicas à “Reconquista”, Editorial Presença, 1993
Lévi Provençal, E.; Historia de España Menéndez Pidal, tomo IV, España Musulmana, Espasa- Calpe, 1982