O Rococó é um estilo que se desenvolveu na Europa a partir de 1715, também conhecido como “estilo regência”, que reflecte o comportamento da elite francesa de Paris e Versailles.
O termo deriva do francês rocaille, que significa “incrustações de conchas, pedrinhas e fragmentos de vidro com que se enfeitavam as grutas”, e de uma combinação das palavras barroco e rocaille.
Mas foi só em 1943, com a obra clássica do historiador Fiske Kimball sobre, The Creation of the Rococó, se fixam as origens do estilo, então, o rococó deixa de ser visto como uma variante do barroco, passando a ser considerado um estilo autónomo, irredutível ao barroco e ao clássico.
A arte rococó transmite perfeitamente a efemeridade de uma época galante, afectada e artificial, o Rococó é considerado por alguns historiadores de arte como uma degeneração do Barroco, que ocorre entre 1710 e 1780, período em que a arte reflecte os valores de uma sociedade fútil, que procura nas obras de arte, algo que lhes dê prazer e as faça esquecer os problemas reais. É uma arte requintada, convencional e aristocrática. Expressa sentimentos agradáveis e uma execução perfeita da técnica que pretende comemorar a alegria de viver.
O Rococó estava voltado para os temas “mundanos” do quotidiano. Eram retratadas cenas da vida cortesã (galantes, alegres, elegantes e frívolas), também eram retratadas festas, natureza, cenas mitológicas e até mesmo imagens carregadas de erotismo. O amor e o romance eram considerados assuntos mais importantes que assuntos históricos e religiosos.
O estilo foi caracterizado por um movimento livre, divertido e de cores delicadas em tonalidades pasteis, tenta pelo exagero comemorar a alegria de viver, um espírito que se reflecte inclusive nas obras sacras, em que o amor de Deus pelo homem assume agora a forma de uma infinidade de anjinhos rechonchudos. Tudo é mais leve, como a representação da vida despreocupada da aristocracia.
O Rococó caracteriza-se pela criação de composições realizadas com extrema liberdade e fantasia que misturando a sinuosidade das linhas com motivos tirados da natureza: pássaros e pequenos animais, plantas e flores delicadas, formações rochosas, água em cascata ou em pequenos lagos.
Os historiadores de arte distinguem duas fases diferentes no rococó:
- a primeira vai de 1690 a 1730, conhecida pelo “estilo regência”, marcado pelo rompimento com a rigidez arquitectónica do estilo Luís XIV, com a introdução de curvas flexíveis e de linhas mais soltas. Datam desse momento, as decorações de Pierre Lepautre, as gravuras e relevos de Jean Brain e a pintura de Jean-Antoine Watteau, o pintor mais importante desta corrente.
- a segunda vai de 1730 a 1770, marcada pela expansão da arquitectura rococó, com a projecção de um novo grupo de artistas como, Juste Aurèle Meissonnier, Nicolas Pineau, Jacques de Lajoue II, que trabalharam na remodelação das residências urbanas da nobreza e alta burguesia parisiense, dotando-as de uma maior funcionalidade e conforto.
Nesta fase o estilo Rococó desenvolve-se ligado à ornamentação de interiores, preferencialmente articulado às artes decorativas e ornamentais, boa parte delas consideradas menores, como o mobiliário, a tapeçaria, a porcelana e a ourivesaria.
Na pintura, os nomes mais importantes desta fase são François Boucher, Jean-Honoré Fragonard, Jean-Baptiste Pater e Jean-Marc Nattier. Na escultura, Etienne Maurice Falconet é considerado a expressão mais relevante do rococó, como atesta a sua célebre Banhista, 1757, e a estátua equestre de Pedro – O Grande, em São Petersburgo.
Na arquitectura, sobretudo na decoração de interiores, predominam os traçados sinuosos, as cores claras, o uso da luz e de grandes espelhos. O luxo da decoração dos interiores tem o seu contraponto na simplicidade das fachadas dos edifícios. A meados de 1760, assistimos à retomada das tendências e repertórios clássicos, nas pilastras, medalhões e troféus que tomam conta das decorações.
O estilo rococó se internacionaliza rapidamente pela Europa Central, mas também em Espanha e em Portugal, adaptando-se aos diferentes contextos desses países. Em essa adaptação chama principalmente à atenção, a penetração na arte religiosa, contrariando a sua origem ligada à nobreza e à vida mundana.
A arquitectura religiosa rococó, de fraco desenvolvimento em França, vai conhecer a sua expressão mais importante, na zona norte de portuguesa, mais propriamente no Minho.
References:
BAUR, Eva Gesine. Rococó. Taschen. 2008
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GOMBRICH, E. H. A história da arte. Rio de Janeiro: LTC, 2008.
LEVEY, Michael. Del rococó a la revolución: principales tendencias en la pintura del siglo XVIII. Ediciones Destino, 1998
OLIVEIRA, Myriam Andrade Ribeiro de. Rococó religioso no Brasil e seus antecedentes europeus. São Paulo: Cosac & Naify, 2003.