Praxis

O termo praxis é comummente associado com a capacidade de grupos oprimidos alterarem o seu mundo económico, político e social, por intermédio de uma reflexão racionalmente informada e da ação social deliberada. Enquanto advogado e criticado pelos cientistas sociais contemporâneos, o termo é vagamente associado com a fusão da teoria com a ação humana libertadora.

Na teoria sociológica clássica, o conceito de praxis está relacionado com Karl Marx e a sua enfâse no potencial revolucionário do proletariado. As interpretações relativas ao uso do conceito de praxis nos escritos de Marx variam, mas a maior parte dos intérpretes associam a praxis de base marxista com a transformação social que envolve uma alteração concomitante na atividade material, consciência e relações sociais do proletariado. Daí que se parafraseie frequentemente o adágio de Marx, segundo o qual os filósofos interpretam somente o mundo de várias formas, ao passo que o objetivo é transformá-lo. Adicionalmente, no Manifesto Comunista de Marx e Engels esboça-se a teoria e o plano respetivo à praxis: a abolição dual das classes e da exploração das classes na forma da propriedade privada, família nuclear patriarcal e religião tradicional. Para Marx é essencial uma transformação holística humana e social.

Teóricos contemporâneos defendem soluções baseadas na praxis humana de modo a solucionarem o estatuto subalterno de inúmeros grupos oprimidos, incluindo (mas não limitado), os colonizados, os pobres, as mulheres, pessoas de cor, gays e lésbicas. Para muitos destes teóricos, tal como se relata nos escritos de Paulo Freire sobre o campesino brasileiro, a instituição da educação está fundamentalmente ligada à praxis. Para Freire, a praxis é o ato de criatividade e mudança social, alcançado à luz da experiência pela qual passam os oprimidos e por um processo criativo educacional: isto é, por intermédio da aquisição e desenvolvimento da literacia, e pelas respostas reativas às estruturas sociais e políticas dominantes. O modelo educacional de Freire não é um modelo onde os estudantes memorizam fórmulas meramente, uma vez que esse modelo é produto de um problema dialógico que evidencia os processos nos quais os oprimidos usam a experiência e educação para compreenderem de modo renovado os problemas sociais. Deste modo, os fins da praxis humana não são literalmente preordenados, mas um constante processo em devir.

Esta rendição à praxis humana atraiu os seus críticos: para alguns pós-modernistas, a praxis está solidamente ligada ao projeto defeituoso iluminista, que une liberdade com racionalidade, sugerindo que uma crítica transcendente do conhecimento deve ser privilegiada. Tais críticos questionam como acontece o iluminismo, quem o facilita, e o que realmente muda como resultado de tal fenómeno.

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References:

Freire, P. (1972), Pedagogy of the Oppressed, Penguin, Harmondsworth.

McLellan, D. (1998), Marxism after Marx, McMillan, Basingstoke.

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