G.E. Anscombe (1919-2001) foi uma filósofa pertencente à tradição analítica que ao longo da sua vida cultivou diversos interesses, mas que é conhecida principalmente pelo seu contributo intelectual à metafísica e aos campos coincidentes como a filosofia da lógica e da mente.
Na obra Causality and Determination, Ascombe questinou a assunção central de causalidade, presente em toda a literatura filosófica do seu tempo de Aristóteles e Espinosa a Hobbes, Hume e Russel, e que se baseava num rígido consenso quanto à noção de causa como universal e universalmente necessária. Mas Anscombe argumentou que se um efeito ocorre em certo caso e um efeito semelhante não ocorre num aparente caso semelhante, existe uma diferença relevante, pois o conteúdo duro da ideia de causação relaciona-se sobretudo com o que pode ser derivado de dada causa, e que não tem que ser necessariamente universal.
Logicamente, este questionamento suscitou o próprio questionamento de tal abordagem, pelo que Anscombe decidiu examinar diferentes exemplos de causação para sedimentar a crítica. Neste âmbito, utilizou o exemplo da bomba atómica criada por Feynman, cuja explosão podia resultar de uma emissão radioativa, e assim sendo, seria evidente a irrelevância da ausência de necessidade na subsequente explosão. Dentro do mesmo exercício, a filósofa dedicou a sua reflexão à relevância de causas que não são necessárias à prática do livro arbítrio.
Posteriormente, entre as inúmeras análises do conceito de causação, um tema predominante relacionou-se com os diferentes tipos de relação causal, e a propósito de tal destino, Anscombe analisou a declaração de Hume de que é logicamente possível algo existir sem uma causa, e desenvolveu a partir de Hobbes, a ideia de que para demonstrar os julgamentos sobre o início da existência, é fundamentar recorrer à aplicação do conhecimento causal. Ainda na esteira de um percurso sempre polifacetado, Anscombe tratou tópicos de metafísica, nomeadamente o conceito do Self, a problemática do tempo e o conceito de substância.
References:
Diamond, C. and J. Teichman (1979), Intention and Intentionality: Essays in Honour of G.E.M. Anscombe, Brighton, Harvester Press.