Em finais do século XIX e inícios do século XX, o Taylorismo, entre outros modelos de gestão científica foram implementados em inúmeras indústrias. Todavia, a formalização do controlo sobre o processo laboral acelerou quando Henry Ford e os seus engenheiros aplicaram sistematicamente os princípios da gestão científica a todo o processo laboral.
O Fordismo representa duas mudanças críticas no processo histórico de fragmentação das tarefas e divisão do trabalho: em primeiro lugar, ao passo que no Taylorismo encontramos regras laborais que uniformizam a produção das partes, no Fordismo as mesmas partes são atribuídas aos trabalhadores, sendo separada a concepção da execução, e especificada como deveria ser realizada a montagem das partes; em segundo lugar, a linha de produção, ao representar mais trabalho para o trabalhador, torna possível limitar as interrupções do processo laboral e aumentar o controlo sobre o ritmo do trabalho.
Controlando minuciosamente o processo laboral, e determinando o ritmo do trabalho, Henry Ford descobriu que conseguiria pagar altos salários e ao mesmo tempo manter uma taxa elevada de lucro. A capacidade de pagar salários mais elevados do que outros capitalistas permitiu a Ford ser mais seletivo na mão de obra a contratar, e impor padrões estritos a essa mesma mão de obra. O incentivo monetário foi particularmente importante, pois possibilitou que Ford ultrapassasse alguns dos impedimentos centrais à acumulação de capital durante este período histórico: o absentismo e a recusa de trabalho. O “departamento sociológico” de Ford encarregava-se de escrutinar os trabalhadores no processo de seleção, isto é, privilegiar contratos de trabalho com indivíduos que representassem a concepção moral de trabalhador postulada por Ford.
O Fordismo também estimulou os mercados laborais internos ao criar categorias profissionais e hierarquias que possibilitavam a mobilidade do trabalhador para posições de maior prestígio. Estes mercados laborais internos criaram competição entre os trabalhadores, o que acabou por implicar divisões e a fragilização de possíveis solidariedades. Adicionalmente a transformar o processo laboral, o Fordismo é associado com outras mudanças sociais: notavelmente, a produção em massa de comodidades baratas, que contribuiu para a cultura do consumo massificado, e um modo de regulamentação estatal que tentou institucionalizar o crescimento económico e a estabilidade através da limitação dos direitos laborais, resultando tal gesto no Estado-Social, e na implementação de uma política económica keynesiana.
References:
Harvey, David (1990), The Condition of Postmodernity, Cambridge, Blackwell.