Da autoria de José Saramago, Ensaio Sobre a Cegueira é um romance de uma honestidade brutal onde o autor faz um retrato brutal do ser humano sob situações de sobrevivência extrema.
A história de Ensaio sobre a Cegueira começa com um homem que perde, repentinamente, a visão. A este caso, muitos outros se seguem, tornando-se numa epidemia. Não sabendo as causas nem origens da epidemia, o governo resolve colocar todos os infectados em quarentena, com recursos limitados, situação que faz com que os personagens ganhem, à medida do desenvolvimento da história, características primitivas.
Num instante, todo o mundo está afectado pela cegueira inexplicável, excepto uma mulher, a mulher do médico, que mantém secreto o seu dom intacto, não partilhando com as restantes pessoas o facto de ainda não ter sido acometida pela cegueira. É ela que testemunha visualmente as acções que se vão descrevendo ao longo da história: lutas entre grupos, compaixão, embaraço, ganância, subjugação, violência, morte.
Num relato cru sobre as reacções do ser humano às necessidades primárias, em Ensaio sobre a Cegueira, Saramago faz uma assertiva crítica que nos leva a reflectir sobre a moral, os costumes e a ética, através da personagem principal. As personagens não têm nomes: em vez disso, são distinguidas pelas suas características: o primeiro cego, a mulher do primeiro cego, o médico, a mulher do médico, entre outros. A narrativa é a narrativa inconfundível que Saramago aprimorou ao longo da sua carreira enquanto escritor. A descrição é fluída, misturando discurso directo e indirecto, sem recurso a parágrafos, travessões ou aspas.
Em 2008, a obra Ensaio sobre a Cegueira foi adaptado ao cinema pelo realizador brasileiro Fernando Meirelles.
References:
Ensaio Sobre a Cegueira, José Saramago, Porto Editora, 2016.