Diáspora

Os gregos antigos entenderam por diáspora, mutatis mutandis,  um movimento de dispersão, migração e colonização de novas terras, mas o sentido moderno do conceito significa comummente um ou vários conjuntos de grupos étnicos que subsistiram durante várias gerações num território que não é o de origem, sem por isso quebrarem os laços físicos, simbólicos ou sentimentais com a terra natal. Os estudos históricos demonstram as diásporas “clássicas” à luz das migrações judaicas, arminianas e gregas, ao passo que as diásporas modernas incluem, em termos de migração forçada, grande parte da população afro-americana, mercê do tráfico de escravos do Velho Mundo para o Novo Mundo, e em termos de migração voluntária, a população irlandesa, italiana, polaca, chinesa e indiana.

Contemporaneamente, o conceito é bem mais abrangente, de modo que engloba migrações com as mais variadas significações, como as migrações motivadas por pretextos políticos ou económicos, os expatriados, as minorias étnicas entre outros grupos dispersos. Alguns dos intelectuais do ramo das ciências sociais que estudam este fenómeno, avançaram com inúmeros critérios que definem as diásporas: uma história considerável de dispersão territorial; uma narrativa mítica e um desejo escatológico que se traduz pelo retorno à terra materna; a sensação de alienação no país de acolhimento; uma identidade coletiva (linguística e cultural). Com estes elementos, o conceito é alargado, e não é de estranhar que surjam novas diásporas em cena no mapa global, tal como a dispersão de milhares de árabes palestinianos pelo médio oriente e ocidente aquando da fundação do Estado de Israel em 1948.

Por vezes, acontece que algumas comunidades que apresentam uma exacerbada consciência diaspórica, acabam por se assimilar às sociedades de acolhimento, perdendo por isso a ligação com a terra primordial, tal como aconteceu com múltiplas comunidades italianas e irlandesas na América do Norte e na Austrália. Outras comunidades diaspóricas, representam casos complexos, por a sua existência estender-se pelos séculos sem a possibilidade de regressarem à terra ancestral, como é o caso dos Judeus, que vivem há mais de 1500 anos em dispersão, ou, por nem sequer possuírem um conceito de terra original, tal como as comunidades ciganas, disseminadas pela Europa e Ásia.

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References:

  • Cohen, Robin (2008), Global Diasporas: An Introduction, New York, Routledge.
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