Conceito Zona Intertidal
Zona intertidal (ou zona entremarés) corresponde à zona do litoral que fica exposta ao ar durante a maré baixa e que permanece submersa durante o resto do tempo. Trata-se da zona compreendida entre a preamar e a baixa-mar, apesar dos limites não serem rígidos.
Devido às suas características específicas de submersão e exposição ao ar, os seres vivos que habitam nestas áreas possuem características que lhes permitem uma rápida adaptação às diferentes condições. Dentre estas características podem destacar-se a capacidade de suportar variações de salinidade e de hidratação, uma vez que se encontram submersas durante grande parte do tempo em água salgada, assim como suportam períodos de seca e exposição solar durante a maré baixa.
A capacidade de sobreviver à intensa radiação solar, assim como a capacidade de resistência à forte ondulação são também características a ter em conta para a sobrevivência das espécies que fazem parte destes habitats.
As zonas intertidais correspondem às zonas de praia, estas podem ser arenosas ou rochosas, sendo este um dos factores para a persistência de determinados seres vivos em detrimento de outros. As zonas com características rochosas são mais favoráveis à fixação dos organismos do que as zonas mais arenosas.
Devido à variação dos níveis da água, estes ecossistemas são muito variados, a intensidade da ondulação também é um factor que determina a existência de uma maior ou menor população nestas áreas, pois os seres vivos precisam de se encontrar bem fixados de forma a resistir à intensidade das ondas. A distribuição das espécies nestas áreas não é equitativa, mas antes, ocorrer em bandas ou faixas horizontais paralelas à linha de maré.
Os limites das zonas intertidais variam consoante as espécies que se encontram e não segundo um limite métrico especifico. Nas faixas superiores a distribuição depende da capacidade das espécies para suportar as variações ambientais, como a imersão e emersão, já nas faixas inferiores a distribuição deve-se mais às relações interespecíficas, como a predacção e a competição.
Estas zonas são dos habitats mais estudados devido à sua proximidade e facilidade de acesso pelo ser humano, o seu estudo permite determinar padrões de zonação.
Comunidades intertidais:
Estas zonas caracterizam-se por uma zonação vertical, além de possui uma distribuição em faixas horizontais ao longo de toda a sua extensão. Cada uma das bandas apresenta uma comunidade com características diferentes. As características que variam podem ser a cor, a morfologia dos seres vivos dominantes, assim como a sua capacidade para resistir a alterações do meio.
Cada espécie vai-se situar na área que apresenta as melhores condições para o seu desenvolvimento, sendo que diferentes zonas apresentam diferentes indivíduos, no entanto, podem ser encontrados indivíduos da mesma espécie em áreas diferentes, mas apresentando diferentes predominâncias. As espécies são mais predominantes em zonas com as melhores condições para a sua sobrevivência, o que não impede que essas mesmas espécies também surjam noutras áreas. Estas variações ocorrem maioritariamente devido às variações físicas e químicas presentes no meio ambiente.
A zona intertidal divide-se em três partes:
Zona supralitoral – esta zona termina quando começa a surgir a banda com predominância de cracas. Os indivíduos dominantes são os líquenes e os moluscos negros. Podem também ser encontradas algas azuis microscópicas e pequenos gastrópodes. Apenas se encontra submersa durante as marés vivas, pode, no entanto, receber os salpicos das ondas.
Zona mediolitoral – corresponde à área intermedia. Inicia-se com a banda onde estão presentes as cracas e atinge o seu limite na banda em que as algas (laminarias) são a espécies predominante. Outros seres vivos são os mexilhões, lapas.
Zona infralitoral – corresponde à área mais interior da zona intertidal. Corresponde à zona em que as algas castanhas são predominantes e termina na zona mais baixa atingida pela maré baixa, onde ainda é possível existirem algas fotófilas. Os organismos presentes nesta zona são bastante tolerantes à exposição ao ar. É possível observar algas calcárias, algas vermelhas, povoamentos de mexilhões, perceves e anémonas-do-mar.
Os seres vivos que habitats nestas zonas são muitas vezes seres sésseis, isto é, que se encontram fixos ao substrato, outros encontram-se enterrados no sedimento (nas áreas arenosas). Os limites do mar e da terra tendem a confundir-se consoante a maré. Entre as adaptações dos seres vivos podem mencionar-se o facto de alguns seres vivos fecham-se de forma a poder conservar a humidade durante os períodos de maior exposição solar.
Na zona intertidal podem também surgir zonas de charcos ou pequenas possas que servem muitas vezes de berçários para seres vivos, estas estruturas são alimentadas pela água proveniente das marés, comportando-se como habitats para muitos seres vivos.
Os principais problemas encontrados nestas zonas devem-se à intervenção humana, seja pela destruição do habitat, com a remoção do substrato ou de seres vivos, seja pela poluição das águas que irrigam estas zonas.
É de grande importância a manutenção e conservação destes habitats seja pela sua importância estética seja pelo equilíbrio do ecossistema marinho.
Fontes:
Costa, Ana Catarina (2012). Caracterização e Cartografia da Fauna Intertidal das Praias Rochosas de Matosinhos. Tese de Mestrado. Universidade do Porto. Porto, Portugal. Consultado em: Julho 23, 2015, em file:///C:/Users/user/Downloads/AnaCatarinaCruzCosta.pdf
Vieira, Raquel; Pereira, Rui; Arenas, Francisco; Araújo, Rita; Pinto, Isabel Sousa (2010). Guia de campo: Especies intertidais características da Costa Norte de Portugal. Programa Escolar de Monitorização da Biodiversidade Intertidal e Divulgação Científica. CIIMAR. Consultado em: Julho 23, 2015, em http://www.ciimar.up.pt/mobidic/documentos/GuiaDeCampo_MoBIDiC.pdf
Rocky Interetidal Zonation. Friends for Netarts Bay Watershed, Estuary, Beach and Sea. Oregon Coast. Consultado em: Julho 23, 2015, em http://www.netartsbaytoday.org/html/intertidal_zonation.html
Palavras-chave:
Comunidade intertidal
Praia
Zonação
Maré