20 de Janeiro de 1946 é a data que marca o nascimento de David Lynch. Criado no seio de uma família de ascendência finlandesa, com uma educação dentro dos preceitos da religião presbiteriana, ao longo de uma infância itinerante no interior dos Estados Unidos da América (EUA), desde cedo Lynch expressou o desejo de se tornar pintor.
Esta atração pelas artes plásticas iria revelar-se mais tarde na sua obra cinematográfica, onde primam os elementos visuais e a plasticidade da imagem, em filmes onde os vários elementos visuais e sonoros se conjugam para formar um todo final onde cada detalhe se torna relevante.
Uma viagem à Europa nos anos 60 foi um dos principais pontos de viragem na futura carreira do jovem, que se viria a tornar num dos mais conceituados realizadores da época moderna. David Lynch regressou aos EUA, e estudou pintura na Academia de Belas Artes da Pensilvânia. Contudo, os seus estudos não deram origem a quadros, ao contrário do que seria expectável, mas sim a 4 curtas-metragens, realizadas entre 1966 e 1974.
A sua linguagem bizarra e onírica, com uma forte componente plástica já se revelava nestes primeiros trabalhos, tendo-se tornado ainda mais evidente na primeira longa-metragem realizada por Lynch, intitulada “Eraserhead”, que chegou aos cinemas em 1977 sem ser muito notada.
Apenas três anos depois, realiza “O Homem Elefante” (“The Elephant Man”), que recebeu oito indicações para os Óscares, incluindo a de Melhor Realizador.
A carreira pautada por altos e baixos começava a revelar-se, ao longo da qual também faria alguns desvios enquanto argumentista, produtor, ator e até músico. O filme que viria a realizar em 1984, “Duna” (“Dune”), baseado no romance de ficção científica com o mesmo nome, seria um fracasso tanto nas salas de cinema como junto da crítica especializada.
1986 marca o regresso de Lynch às luzes da ribalta, com o lançamento de “Veludo Azul” (“Blue Velvet”), escrito e realizado pelo próprio, e que se viria a tornar um marco na história do cinema, tanto pelas temáticas focadas como pela mistura de géneros que o filme evoca.
Em 1990, David Lynch estreia-se como realizador televisivo com a série “Twin Peaks”, que teria sucesso não só nos EUA mas também em outros pontos do globo, e que daria origem à adaptação cinematográfica “Twin Peaks: Os Últimos Dias de Laura Palmer” (“Twin Peaks: Fire Walk With Me”). Em 2017, estreou a segunda parte da série “Twin Peaks”, cuja direção ficou novamente a cargo de Lynch.
Ao longo dos anos 90 e primeiros anos de 2000, Lynch prossegue a sua carreira de realizador de cinema, com filmes como “Coração Selvagem” (“Wild At Heart”) ou “Estrada Perdida” (“Lost Highway”) ou o êxito “Mulholland Drive”.
Em 2002 Lynch abraça as novas tecnologias, lançando duas séries on-line, “Rabbits” e “Dumb Land”.
Toda a sua obra, ainda que com alguns desvios e adaptações aos tempos e aos géneros, se caracteriza pelos argumentos tão complicados e inexplicáveis quanto a vida, desafiando as convenções cinemáticas e sociais, e trazendo para a tela sonhos e pesadelos.