Nome: Alexandre Manuel Vahia de Castro O’Neill de Bulhões
Data de nascimento: 19 de Dezembro de 1924
Local de nascimento: Lisboa, Portugal
Data de morte: 21 de Agosto de 1986
Local de morte: Lisboa, Portugal
Ocupação: Redactor de publicidade, escritor, poeta
Biografia de Alexandre O’Neill
Alexandre O’Neill, filho de José António de Eça O’Neill e Maia da Glória de Castro, nasceu a 19 de Dezembro de 1924, em Lisboa. Publicou os seus primeiros versos aos 17 anos, num jornal local de Amarante. Em 1946 torna-se escriturário na Caixa de Previdência dos Profissionais do Comércio, emprego onde se manteve até 1952, altura a partir da qual passou a colaborar com jornais, assinando colunas no Diário de Lisboa, n’ A Capital, entre outros. Em 1959 estreia-se como redactor de publicidade e é esta a actividade que irá manter como fonte de rendimentos. Criou alguns slogans que ficaram famosos, incluindo um que, mais tarde, o povo converteu em provérbio: “Há mar e mar, há ir e voltar”, criado para uma campanha de sensibilização para o afogamento nas praias portuguesas, nos anos 80. Colaborou também em programas televisivos, em guiões de filmes e em pecas de teatro.
Desde cedo demonstra interesse pelo surrealismo e junta-se a Mário Cesariny , José-Augusto França, António Domingues, Fernando Azevedo, Moniz Pereira e António Pedro para criar, em 1948, o Grupo Surrealista de Lisboa. Com a saída de Mário Cesariny, em Agosto de 1948, o grupo transforma-se em dois grupos distintos, dando origem ao Grupo Surrealista Dissidente.
Com as primeiras manifestações do movimento surrealista em Portugal, em 1949, Alexandre O’Neill publica A Ampola Milagrosa. A obra era composta por 15 imagens e respectivas legendas, sem existir uma relação lógica entre ambas, e constitui um dos primeiros números dos Cadernos Surrealistas.
Depois da extinção de ambos os grupos, o surrealismo continuou a ter expressão nas obras produzidas por alguns autores, incluindo Alexandre O’Neill. Na obra Tempo de Fantasmas, Alexandre O’Neill reafirma-se enquanto surrealista, especialmente através da insistência em conceitos comuns a muitos poetas surrealistas.
Tendo sido reconhecido em 1958, ao publicar No Reino da Dinamarca, a década de 60 foi a mais produtiva do autor em termos de publicações: publicou livros de poesia, antologias de outros poetas e traduções.
Alexandre O’Neill, pelas suas crenças políticas, foi frequentemente confrontado pela PIDE, tendo estado, inclusive, em 1953, preso durante alguns dias no Estabelecimento Prisional de Caxias, por ter ido esperar Maria Lamas, que regressava do Congresso Mundial da Paz em Viena. Apesar de não ser militante de nenhum partido político, passou a ser vigiado pela polícia do regime. A sua poesia vive no jogo de palavras, que evidencia o lado surreal do que é real ou descreve os cenários surrealistas. A sua obra é satírica, com vista à destruição da imagem heróica do proletariado que o neo-realismo estabeleceu. Aborda temas como a solidão, o amor, o sonho e a morte, dos quais o homem só se poderá libertar com recurso ao humor. Enquanto poeta, recusava as poses de “empolamento” características do meio literário, a “certa importancidade sumamente ridícula” de muitos escritores. Recusa-se a fazer parte de qualquer misticismo e transforma constantemente as palavras em jogo: tudo é reconstruído, parodiado e reaproveitado. A sua poesia é uma poesia do quotidiano banhada pelo realismo subversivo. “Sou parecidíssimo com a minha poesia. Mesmo no dia-a-dia, no próprio trabalho. Entre a minha expressão coloquial e a minha expressão poética não há distância. A diferença será de intensidade, ou ao que se pode chamar intensidade” afirma em entrevista ao jornal A Capital, edição de 2 de Maio de 1968.
Alexandre O’Neill morre a 21 de Agosto de 1986, em Lisboa, na sequência de um acidente vascular cerebral.
Obras
Poesia
1948 – A Ampola Miraculosa
1951 – Tempo de Fantasmas, Cadernos de Poesia, nº11.
1958 – No Reino da Dinamarca
1960 – Abandono Vigiado
1962 – Poemas com Endereço
1965 – Feira Cabisbaixa
1969 – De Ombro na Ombreira
1972 – Entre a Cortina e a Vidraça
1979 – A Saca de Orelhas
1981 – As Horas Já de Números Vestidas (Em Poesias Completas (1951-1981))
1983 – Dezanove Poemas (Em Poesias Completas (1951-1983))
Antologias
1967 – No Reino da Dinamarca – Obra Poética (1951-1965), 2.ª edição, revista e aumentada, Lisboa, Guimarães.
1974 – No Reino da Dinamarca – Obra Poética (1951-1969), 3.ª edição, revista e aumentada, Lisboa, Guimarães.
1981 – Poesias Completas (1951-1981), Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda
1983 – Poesias Completas (1951-1983), 2.ª edição, revista e aumentada, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda
1986 – O Princípio de Utopia, O Princípio de Realidade seguidos de Ana Brites, Balada tão ao Gosto Popular Português & Vários Outros Poemas
2000 – Poesias Completas
2005 – anos 1970. Poemas Dispersos
Prosa
1970 – As Andorinhas não Têm Restaurante
1980 – Uma Coisa em Forma de Assim
Filmes (enquanto guionista)
1962 – Dom Roberto
1963 – Pássaros de Asas Cortadas
1967 – Sete Balas Para Selma
1969 – Águas Vivas
1970 – A Grande Roda
1975 – Schweik na Segunda Guerra Mundial (TV)
1976 – Cantigamente (3 episódios da série)
1978 – Nós por cá Todos Bem
1979 – Ninguém (TV)
1979 – Lisboa (TV)
References:
OLIVEIRA, Maria Antónia; Alexandre O’Neill. Uma Biografia Literária; Editora Dom Quixote, 2007.